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Mais Abraços // Terça-feira 10 Outubro, 2023 // #terrible two, #desenvolvimento infantil
Um sorriso encantador, os primeiros passos incertos, as primeiras palavras – o começo da vida de uma criança é um período de descobertas emocionantes e momentos adoráveis. No entanto, à medida que essa pequena pessoa cresce e se desenvolve, aproximando-se do famoso terrible two, ocorre uma mudança notável na dinâmica da parentalidade.
Durante essa fase, as crianças parecem passar por uma metamorfose de reconhecimento de sua própria identidade, acompanhada por surpreendentes acessos de birra.
Embora possa ser um momento desafiador, é importante entender que o "terrible two" é uma parte essencial do desenvolvimento infantil e um sinal saudável de crescimento e autodescoberta do seu pequeno. Afinal, por trás de cada birra, está uma criança ansiosa para explorar e aprender sobre o mundo ao seu redor.
"Essa é uma fase que começa a dar sinal entre um ano e meio e dois anos e que pode durar até uns três, quatro anos", explica a pediatra Renata Aniceto, do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A mudança é um marco do início da autonomia e coincide com um aumento no controle da evacuação e da urina.
"É como se ela tivesse um primeiro contato com o momento de autocontrole, onde ela não depende do sentimento de outro. Passa a querer escolher a roupa que vai colocar, passa a ter uma personalidade mais marcada", explica a médica. "Então o terrible two tem essa característica de ter birras, crianças brigando pelo que desejam."
Durante a fase do "terrible two", é comum observar uma série de comportamentos da criança que podem desafiar os pais e cuidadores, mas que também revelam importantes marcos no desenvolvimento infantil.
Aqui estão alguns dos principais sinais associados a essa fase:
As crianças muitas vezes começam a dizer "não" para quase tudo. A negação se torna uma palavra-chave, independentemente da situação.
As emoções das crianças podem ser intensas e, muitas vezes, o choro é a maneira delas de comunicar frustração ou desconforto.
A criança pode espernear, gritar e protestar veementemente quando confrontada com situações que não se encaixam em seus desejos ou expectativas.
As crianças nessa fase tendem a resistir a ordens e pedidos dos pais e cuidadores, muitas vezes fazendo o oposto do que é solicitado.
A independência começa a florescer nesse período, e as crianças frequentemente se recusam a aceitar decisões tomadas por adultos.
Por trás de todos esses sintomas desafiadores, as crianças estão explorando seu mundo e desenvolvendo um senso crescente de autonomia. Elas estão aprendendo sobre limites, autoridade e as consequências de suas ações.
"A criança está insegura e para ela muitas vezes receber o 'não', 'não pode', dos pais ou dos cuidadores é extremamente importante porque ela vai começar a delimitar os códigos sociais de convivência, de harmonia em casa, de harmonia na escola, na sociedade", explica Aniceto. "Essa é a fase que a gente está modelando isso nas crianças."
Segundo Ancieto, irritabilidade intensa e diminuição de socialização são dois pontos importantes para se observar, mas o diagnóstico de alguma alteração comportamental depende do acompanhamento pediátrico. "Conte sempre com o seu pediatra. Ele é o especialista do desenvolvimento", ela diz.
Lidar com a fase do "terrible two" pode ser um desafio para os pais, mas é importante lembrar que, assim como outros marcos, como a crise dos 3 meses, essa é uma fase passageira e fundamental no desenvolvimento de seus filhos. Como estratégia, Aniceto destaca a importância de não hipervalorizar as birras.
"É muito comum quando uma criança faz uma birra, principalmente se for em ambiente público, os pais hipervalorizarem. Ou eles ficam nervosos e gritam, esbravejam, às vezes até punem a criança, ou eles tentam tirar a criança à força daquela localidade para não atrapalhar o ambiente", explica a pediatra.
Nestes casos, ela recomenda agir com naturalidade e buscar acalmar a criança. "Muitas vezes pegar aquela criança do chão, pôr no colo e sair andando e olhando as outras coisas que têm pelo caminho ou distraindo a atenção dela de uma forma afetiva vai resolver muito, mais do que ficar estressado e brigar com essa criança", diz a médica.
Outras estratégias que podem ajudar a enfrentar essa fase de forma tranquila e eficaz:
Estabelecer uma rotina diária previsível pode fornecer às crianças um senso de segurança e estabilidade. Quando as crianças sabem o que esperar, podem se sentir mais seguras e menos propensas a agir com birras.
Defina limites e regras consistentes para o comportamento. Explique de maneira simples o que é aceitável. Seja firme, mas também flexível quando apropriado.
As crianças nessa fase podem ter dificuldade em expressar suas necessidades e emoções. Esteja atento às suas tentativas de comunicação e ajude-as a desenvolver habilidades verbais. Use uma linguagem simples e clara para explicar as situações.
Permita que seu filho tenha algum controle fazendo escolhas limitadas. Por exemplo, você pode perguntar: "Você quer usar o suéter azul ou o vermelho?" Isso ajuda a criança a se sentir mais autônoma e evitar confrontos desnecessários.
Evite programar muitas atividades em um curto período de tempo. Reduza o estresse mantendo um ambiente calmo e organizado em casa.
Dedique tempo para brincar com seu filho, pois isso fortalece o vínculo entre vocês e permite que ele libere energia e explore suas emoções de maneira segura.
Lembre-se de cuidar de si mesmo. A parentalidade pode ser desgastante, e é importante que os pais também tenham tempo para relaxar e recarregar.
À medida que as crianças superam a fase do "terrible two", entram em uma nova etapa de desenvolvimento. "Aos quatro e cinco anos, essa criança chega em uma fase que já tem mais segurança dos seus atos", diz a pediatra. "Ela se torna uma criança mais segura e esse deveria ser o desenho natural do desenvolvimento."
As crianças começam a desenvolver habilidades sociais e emocionais mais sofisticadas, tornando-se mais cooperativas. "Crianças a partir de 5 anos ainda são crianças, mas eles são mais focados nas suas atividades, sabem o que pode machucar o colega, sabem o que pode agradar, então têm mais empatia, são socialmente mais adequados", diz Aniceto.
O que não quer dizer que a orientação dos pais ou cuidadores não continue tendo um papel importantíssimo. "O cuidado e a orientação por parte dos pais não terminam nunca na vida de um filho, não é mesmo?", afirma a pediatra.
Embora o terrible two possa ser desafiador, lembre-se de que é uma parte essencial do crescimento. Com amor, paciência e uma abordagem consistente, vocês podem navegar juntos por essa fase e preparar o terreno para um desenvolvimento saudável e feliz.
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