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Mais Abraços // Terça-feira 12 Março, 2024 // #transtorno opositor desafiador, #desenvolvimento infantil, #filhos
É comum que algumas crianças apresentem reações diferentes para as situações do dia a dia. Porém, se você nota que seu filho tem comportamentos impulsivos, desobedece ordens, discute por qualquer motivo, tem facilidade para ficar irritado ou demonstra teimosia quando é contestado, saiba que esses sintomas podem estar relacionados ao Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).
Conversamos com o psicólogo Victor Hugo Teixeira, orientador parental na Clínica SBM Intervenção Comportamental, em São Paulo, para entender o que é Transtorno Opositor Desafiador, como se diferencia de um comportamento inadequado normal, quais são suas características, como é feito o diagnóstico, tratamentos recomendados e como os pais ou responsáveis podem lidar com a condição.
O Transtorno de Oposição Desafiante é um padrão de comportamento questionador ou desafiante em que a criança apresenta reações específicas, como desobediência, irritação, raiva e o sentimento de que está sendo contrariada frequentemente, além de buscar meios de defesa para sair de determinadas situações.
Em geral, segundo o especialista, percebe-se com mais frequência em crianças a partir dos 6 anos até o início da adolescência e que se opõem constantemente às regras e às pessoas como maneira de evitar serem controladas. Esse padrão de comportamento de oposição é direcionado às figuras de autoridade, como pais e aos professores.
O especialista explica que é um transtorno difícil de lidar devida à baixa adesão a qualquer tipo de tratamento, porém é fundamental seu diagnóstico, aceitação e acolhimento da família para que haja a diminuição dos sintomas.
No entanto, em muitos casos, os pais podem confundir o TOD com momentos de “birra” da criança. Victor Hugo explica a diferença: “Na birra, a criança ou adolescente tem controle sobre seu meio e faz isso porque busca atenção das pessoas ao redor para conseguir o que quer”.
Ele continua: “Na crise, tende a perder o controle de suas ações e pode ter comportamentos ameaçadores aos outros e até a si mesmo, como demonstrar teimosia, xingar, gritar ou quebrar objetos ou até mesmo agredir os pais. A birra sempre tem um objetivo e a crise, não”.
De acordo com a organização de saúde infantil Nemours Health, birras são uma parte normal do desenvolvimento infantil. É assim que as crianças mostram que estão chateadas ou frustradas. Nesses casos, os acessos de raiva variam entre choramingar, chorar ou gritar.
Já sintomas de TOD não são comportamentos “usuais” de desobediência e, por isso, requerem tratamento específico para que a criança possa ser compreendida, acolhida e tenha uma convivência mais harmônica com as pessoas ao seu redor.
Afinal, como identificar que a criança pode ter Transtorno Opositor Desafiador? A listagem dos sintomas, de acordo com a organização American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, pode ajudar a desconfiar:
Acessos de raiva frequentes;
Discussões excessivas com adultos;
Frequentemente questiona regras;
Desafios constante e recusa em cumprir ordens e regras de adultos;
Tentativas deliberadas de irritar ou incomodar as pessoas;
Culpar os outros pelos seus erros ou mau comportamento;
Muitas vezes é sensível ou fica facilmente irritado com os outros;
Tem raiva e ressentimento frequentes;
Demonstra agressividade e rancor em muitas situações.
É importante conhecer esses sintomas para conseguir diferenciar o TOD de uma birra comum ou estresse infantil e, assim, atuar para oferecer a criança a possibilidade de um diagnóstico e tratamento capazes de melhorar sua qualidade de vida e relacionamentos.
De acordo com estudo publicado pela revista médica American Family Physician, o diagnóstico para ter a confirmação do Transtorno Opositor Desafiador deve ser feito após, no mínimo 6 meses de episódios da crise e que sejam evidenciados por pelo menos quatro sintomas comuns.
Para de fato diagnosticar o transtorno na criança, é importante consultar um especialista em saúde, como um psiquiatra, além de fazer acompanhamento com um psicólogo, com experiência no tratamento de crianças o mais rápido possível e, assim, iniciar uma intervenção comportamental.
O psicólogo Victor Hugo orienta ainda para que, se houver a confirmação do transtorno, é fundamental que os pais passem por um serviço de orientação parental para que sejam aconselhados sobre quais medidas tomarem.
“Quanto antes os pais identificarem os sintomas e buscarem tratamento, a redução de estímulos aversivos [repulsivos] reduz a ocorrência de novas crises. As estratégias de manejos da raiva e impulsividade podem resultar em grande ganho”, aconselha
O profissional acredita, além do tratamento com um psicólogo, que a união de forças da escola, clínica e família podem reduzir significativamente as crises episódicas do TOD. “Nesse processo, é importante que os pais se posicionem e sejam firmes em suas decisões diante das oposições dos filhos, porém sempre visando sua segurança para que todos se saiam bem e saudáveis”.
Victor Hugo ressalta que dependendo do nível de gravidade do caso pode ser necessária intervenção com medicamentos antipsicóticos, que precisarão ser prescritos pelo psiquiatra da criança.
De fato, saber como lidar com uma criança diagnosticada com Transtorno Opositor Desafiador pode ser uma tarefa desafiadora. No entanto, além do tratamento, existem práticas a serem adotadas pelos pais para ajudar o filho seguindo as instruções da American Family Physician:
Sempre aproveite os aspectos positivos, elogie e reforce positivamente a criança quando ela demonstrar flexibilidade ou cooperação;
Faça uma pausa se estiver prestes a ter conflitos com seu filho;
Estabeleça limites razoáveis e apropriados à idade, com consequências que possam ser aplicadas de forma consistente;
Mantenha outros interesses além do seu filho com TOD para que os cuidados com a criança não consumam todo o seu tempo e energia;
Tenha apoio de outras pessoas próximas do convívio da criança, como seu parceiro ou parceira, professores e o próprio profissional de psicologia.
Victor Hugo lembra que, mesmo depois de ser tratado, o Transtorno Opositor Desafiador pode ser desencadeado novamente.
"Como é uma doença crônica, o TOD precisa de constante vigilância para que a impaciência, baixa resistência à frustração e vulnerabilidade não dominem as atitudes dos pacientes e dos pais da criança. Por isso, é fundamental cuidar desde o momento do diagnóstico”, finaliza Victor Hugo.
Você já ouviu falar no termo "terrible two"? Esse é o nome dado ao momento que marca o início da autonomia, crescimento e autodescoberta da criança, despertando dúvidas nos pais. Leia nosso artigo sobre o assunto para saber quando a situação se torna um problema.
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