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Mais Abraços // Quinta-feira 15 Setembro, 2022 // #imunidade, #cuidado, #infância
Nunca se falou tanto em imunidade como nos últimos tempos. Entre falsas receitas milagrosas e buscas por especialistas, todo mundo está interessado em aumentar seu exército de defesa interna. E para quem tem filho ou filha, a preocupação é em dobro: como proteger nossos pequenos e nossas pequenas de tantas ameaças possíveis no mundo? Como aumentar a imunidade infantil?
Para Marcello Bossois, imunologista responsável pelas clínicas do Brasil Sem Alergia, não existe fórmula mágica, é claro, mas há caminhos possíveis. E antes de irmos aos atalhos, é preciso dar alguns passos para trás e entender como a imunidade infantil funciona desde o nascimento e durante seu desenvolvimento.
Como já sabemos, o sistema imunológico infantil funciona de maneira diferente dos adultos. Enquanto o bebê ainda está na barriga, as suas defesas não podem ser muito fortes, porque isso pode gerar o temido aborto espontâneo, como nos explica Marcello: “a criança, enquanto está dentro do útero da mãe, é uma criança que tem o perfil imunológico alérgico, o chamado perfil T2”, diz. Ao nascer, se ela não tiver os chamados “mecanismos naturais compensatórios”, feitos naturalmente para compensar esse perfil T2 que ela possuía na barriga, ela acaba permanecendo mais alérgica ao longo da infância.
Mas quais são esses mecanismos naturais compensatórios, afinal?
O parto natural e a amamentação são dois dos principais. O primeiro porque, ao passar pelo canal vaginal da mãe, o bebê aspira o muco presente na microflora, que é rico em lactobacilos helper. São eles, por sua vez, que entram no trato gastrointestinal da criança e o colonizam, fazendo com que bactérias benéficas induzam e comecem a desviar esse sistema imunológico T2 para um T1 — que seria, então, aquela imunidade que nos defenderia, mas que não é possível de se tê-la dentro da barriga da mãe para não a ferir.
Já a amamentação é importante também para o fortalecimento do sistema imunológico infantil porque o leite materno é composto, dentre tantas substâncias positivas, da proteína homóloga, derivada do próprio ser humano. “A criança entrando em contato com uma alimentação que seja muito semelhante com o corpo dela acaba não sucumbindo com facilidade a uma alergia, a não ser que a mãe coma muitos alimentos alergênicos. Mesmo assim, é mais difícil do que uma criança que já se alimenta de fórmulas industriais desde muito cedo. Mesmo elas sendo extensamente hidrolisadas, elas ainda assim contêm proteínas de outros animais, como a proteína do leite da vaca”, diz o especialista.
É preciso ainda diferenciar os dois tipos de sistema imunitário, lembrando que um não pode contrapor o outro, mas devem desenvolver um equilíbrio. “Nós temos dois tipos de sistema imunitário: inato e adaptativo. A criança nasce com o sistema imunitário inato, e o adaptativo é aquele que a gente vai adaptando de acordo com o contato com os elementos externos”, explica.
Com o passar do tempo, esse sistema imunitário inato da criança vai sendo contrabalançado pelo adaptativo, ou seja, você acaba tendo ambos e, no envelhecimento, há uma preponderância do sistema imunitário adaptativo, por conta de tudo a que o organismo já foi exposto ao longo da vida.
Caminhos possíveis
Mas isso não quer dizer que não se devam celebrar os avanços da medicina, como a cesárea e as fórmulas que servem de alimento para crianças que não podem tomar leite materno. Muito pelo contrário, é graças a esses dois fatores, entre outros, que a mortalidade infantil diminuiu e deixou de se tornar algo comum.
Há de se ter, entretanto, alguns cuidados. “É justamente na dificuldade em ter o parto cesárea e na dificuldade de aspirar esse conteúdo vaginal que se dá, então, lactobacilos industrializados, para ir colonizando a flora gastrointestinal da criança. Inclusive, lá na França, eles têm até o hábito de coletar, em alguns hospitais, o muco vaginal da mulher e aplicar na criança logo após o nascimento das crianças que nasceram por parto cesárea”, conta o imunologista.
No caso da não amamentação, quando a criança é exposta ao leite industrializado já nos primeiros dias de vida, o ideal é optar por fórmulas compostas de aminoácidos, que, segundo o especialista, são incapazes de induzir uma reação alérgica na criança. E, ao iniciar a introdução alimentar, opte sempre por alimentos frescos e naturais. “Alimentos industrializados são compostos de corantes, conservantes, flavorizantes, aditivos alimentares que, quando passam pelo fígado, podem não ser adequadamente metabolizados, principalmente se você tiver um aporte muito grande deles. Isso pode induzir uma resposta imunológica alérgica”, pontua.
A teoria da higiene
A ciência já comprovou que um pouco de “vitamina S” (de sujeira) faz bem para o nosso organismo. Pois é: precisamos que nossas crianças se sujem! Estamos falando da sujeira que está por aí, em todos os cantos, e que invariavelmente será impossível de conter permanentemente. É preciso esse contato primário com a sujeira para que as defesas celulares se preparem e, assim, deixem seu filho ou sua filha mais forte. Uma criança que vive em um ambiente altamente higienizado pode desenvolver alergias e, o pior de tudo, não coloca o seu sistema imunológico para trabalhar e não cria seu próprio batalhão de defesa.
O que Marcello nos lembra, contudo, é que a própria vacinação já pode ser uma prática da teoria da higiene, mas mais segura e controlada. “Hoje, o que os médicos preconizam é: utilizar a teoria da higiene sendo higiênico. E qual é a melhor forma de fazer isso? Vacinação. Porque a imunização é uma maneira de você expor o paciente ao patógeno com risco bastante controlado e minimizado, dificultando que ele desenvolva sintomas”, explica.
Existe hoje uma série de vacinas gratuitas à disposição no Brasil, oferecidas pelo Sistema Único de Saúde — o SUS. Além delas, você pode contar com vacinas complementares oferecidas em clínicas particulares. O ideal, claro, é ter sempre o acompanhamento de um ou uma pediatra, que irá encaminhar seu filho para um ou uma alergista ou um ou uma imunologista caso veja a necessidade.
Além disso, esse mesmo especialista irá orientar você sobre as vacinas compatíveis com a idade do seu filho. É preciso manter a cartilha em dia, pois, graças ao sucesso das campanhas de vacinação mundo afora e também aqui no Brasil, já foi possível erradicar doenças sérias, que pareciam não ter fim e que levavam muitas crianças a óbito.
Assim como a imunização, outro processo antigo e altamente eficaz para melhorar a imunidade infantil é o controle ambiental para conter as alergias. Ou seja, estar atento à limpeza de seu colchão e travesseiro, por exemplo, locais que podem ser palcos perfeitos para a proliferação do ácaro, que se alimenta da queratina liberada pelo seu cabelo no atrito da cabeça com a superfície e irrita os canais respiratórios.
Não dê sopa para o azar e esteja atento a tudo o que pode deprimir a saúde do seu filho. Mas, para isso, não renuncie à ciência e conte com a ajuda de especialistas.
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* O especialista consultado sobre esta matéria foi ouvido como fonte jornalística, não se utilizando do espaço para a promoção de qualquer produto ou marca.
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