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Mais Abraços // Segunda-feira 10 Julho, 2023 // #ictericia neonatal, #bebe, #cuidados
As mães e pais de primeira viagem podem não saber, mas é bastante comum que os bebês recém-nascidos fiquem amarelados. A icterícia neonatal, uma condição caracterizada pelo amarelamento da pele e dos olhos, afeta bebês em todo o mundo, e, na grande maioria dos casos, é uma condição benigna e transitória, que não causa preocupações.
"A icterícia neonatal é uma manifestação clínica amarela na pele do bebê", explica a pediatra Danielle Brandão, do Departamento de Neonatologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). Ela ocorre devido ao acúmulo de bilirrubina, um pigmento amarelo produzido quando os glóbulos vermelhos antigos são quebrados e removidos do corpo.
Brandão explica que, ao nascer, o bebê tem mais sangue do que o necessário, agora que começou a respirar. "Dentro do útero, ele precisa ter muito sangue para sobreviver. Quando nasce, a hemoglobina dele é em torno de 18 e o normal é 12", diz a pediatra.
O excesso de glóbulos vermelhos é quebrado e removido do corpo, resultando na produção de bilirrubina. Como o fígado, órgão responsável por processar a bilirrubina, ainda está em desenvolvimento, pode haver dificuldades para metabolizá-la eficientemente, o que leva a um acúmulo no sangue e nos tecidos, causando a icterícia neonatal.
Segundo Brandão, a icterícia nos bebês recém-nascidos aparece após 24 horas de vida e tem um pico até o terceiro dia, resolvendo-se ainda na primeira semana de vida. "Depois de sete dias o bebê já não fica mais amarelinho", diz. "Geralmente é assim que funciona a icterícia fisiológica."
Embora a icterícia neonatal seja geralmente uma condição transitória, é importante que os pais e cuidados estejam cientes dos sinais de alerta e procurem avaliação médica caso a icterícia persista ou apresente características preocupantes.
Quando a condição está associada a outros problemas de saúde, ela é chamada de icterícia patológica. Um dos principais sinais de icterícia patológica é que ela aparece antes da fisiológica, ainda no primeiro dia do bebê. "Nas primeiras horas de vida, não é para o bebê ficar amarelinho. Quando ele fica, é uma causa patológica", explica a pediatra.
A incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê está entre as principais causas de icterícia patológica, mas outras possíveis associações incluem deficiências enzimáticas causadas por condições genéticas e infecções neonatais. Também é possível que exista uma obstrução das vias biliares, o que é conhecido como icterícia obstrutiva ou icterícia colestática.
Além disso, existe a chamada icterícia do leite materno, é uma forma benigna de icterícia que pode ocorrer em alguns bebês alimentados exclusivamente com leite materno. Geralmente surge após os primeiros dias de vida e desaparece por conta própria em algumas semanas, sem necessidade de interromper a amamentação.
A icterícia neonatal é caracterizada principalmente pelo amarelamento da pele e dos olhos do recém-nascido. "Começa geralmente na cabeça e vai aumentando pelo tronco, pelos braços, pés e mãos e perninhas", explica Brandão.
Esses são os sintomas mais evidentes e mais fáceis de serem observados pelos pais e cuidadores. Colocar o bebê em um ambiente bem iluminado ajuda, pois a luz natural ou uma luz branca brilhante podem facilitar a identificação da cor amarelada. Além disso, pressionar levemente a pele do bebê com o dedo polegar pode revelar se há uma tonalidade amarelada, principalmente na testa, nariz ou peito.
Existem também outros sinais e sintomas associados à icterícia neonatal que podem ser observados. A urina pode ter uma cor mais escura, variando entre o amarelo-escuro e o marrom. Já o cocô do bebê pode ficar com uma cor mais clara do que o normal.
Embora a observação desses sintomas possa levantar suspeitas de icterícia, a análise final deve ser realizada por um profissional de saúde. Segundo Brandão, o diagnóstico é feito, geralmente, através de observação clínica. "A gente pode fazer o que a gente chama de bilirrubina transcutânea, que é um aparelho que vê o quanto está o nível da bilirrubina na pele do bebê", explica a pediatra.
Não existe uma maneira específica de evitar que os recém-nascidos desenvolvam icterícia. Essa condição é muito frequente no período neonatal. Entre os recém-nascidos a termo, com mais de 37 semanas, cerca de 80% apresentam algum grau de icterícia, segundo Brandão. Para os prematuros, a prevalência é ainda mais alta. "Entre menores de 36 semanas, quase 100% apresentam icterícia em algum momento da vida", ela diz.
No entanto, existem algumas medidas que podem ser adotadas para ajudar no tratamento e na eliminação da icterícia com mais facilidade. A amamentação precoce e frequente pode ajudar a eliminar a icterícia mais rapidamente, pois o leite materno contém substâncias que ajudam a promover a função hepática e a excreção da bilirrubina.
Um acompanhamento médico regular também é importante para a saúde do bebê em geral. Realize todas as consultas de rotina e siga as orientações médicas. O profissional de saúde irá avaliar as condições do bebê, pedirá exames para monitorar os níveis de bilirrubina e fornecerá orientações adequadas para o tratamento, se necessário.
Na maioria dos casos, a icterícia em bebês não requer tratamento específico, pois essa condição tende a desaparecer naturalmente após a primeira semana de vida, ou, no máximo, em cerca de 14 dias. Quando a condição persiste, o tratamento é feito com um equipamento de fototerapia, conhecido popularmente como banho de luz.
"É um equipamento que emite luz. A melhor é a luz azul, que tem o comprimento de onda ideal para o tratamento", explica Brandão. A luz que bate na pele do bebê ajuda a degradar a bilirrubina, que vai ser eliminada pela urina e pelo fígado. Na fototerapia, é importante que a luz alcance todo o corpo do bebê, afirma a pediatra. "Na cabeça, nos braços, no tronco: quanto mais luz, maior a eficácia do tratamento", ela diz.
Existe um outro tratamento para casos graves de icterícia, a exsanguineotransfusão do recém-nascido, que envolve a troca do sangue do bebê. Mas esse é um método muito raro hoje em dia, também pelo uso do banho de luz. "Quando a gente trata com fototerapia, quase nenhum bebê mais faz exsanguineotransfusão", afirma Brandão.
Não existem tratamentos caseiros ou alternativos recomendados para o tratamento da icterícia neonatal. "Não existe tratamento caseiro, como chá de alpiste, essas coisas, isso aí não resolve de forma nenhuma a icterícia", afirma a pediatra.
Além disso, o banho de sol em recém-nascido não é indicado no Brasil para cuidar do amarelamento da pele. "O banho de sol que é eficaz para tratar a icterícia ocorre entre meio dia e duas horas da tarde. É um sol muito forte, que tem raios ultravioletas importantes e pode levar a queimadura e a desidratação", explica Brandão.
O único tratamento efetivo para a icterícia, portanto, quando há necessidade, é a fototerapia. "A gente deve evitar esses métodos caseiros e procurar um pediatra para que seja aconselhado adequadamente o tratamento de fototerapia", ela conclui.
Embora a icterícia neonatal seja geralmente uma condição transitória e benigna, é importante estar ciente de que, em alguns casos, ela pode se agravar e levar a complicações mais sérias. Embora sejam ocorrências raras, é essencial estar atento aos sinais de agravamento e buscar atendimento médico adequado quando necessário.
"O maior risco da icterícia quando não é tratada é a encefalopatia bilirrubínica aguda", explica Brandão. Isso ocorre quando os níveis de bilirrubina no sangue estão muito elevados por um longo período, e a substância começa a se acumular no cérebro, o que pode resultar em danos neurológicos e causar problemas como surdez e alterações no desenvolvimento cognitivo e motor.
As complicações graves relacionadas à icterícia neonatal são raras e a grande maioria dos casos se resolve sem causar danos significativos ao bebê. No entanto, o acompanhamento médico e a adoção das medidas adequadas são cruciais para identificar e tratar precocemente qualquer complicação.
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