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Mais Abraços // Quarta-feira 10 Agosto, 2022 // #neurodesenvolvimento infantil
Pensar no pleno desenvolvimento de uma criança envolve cuidados que começam ainda antes da gestação; veja em detalhes
Os primeiros 1.000 dias de vida se referem ao período que vai do primeiro dia de gestação até os dois anos de idade da criança e é fundamental para o neurodesenvolvimento infantil. Considerado um “intervalo de ouro”, ele pode mudar radicalmente o destino da criança, não apenas em termos biológicos (crescimento e desenvolvimento), mas também em questões intelectuais e sociais.
Primeiros passos para o desenvolvimento físico e mental Esse primeiro momento da criança, que compreende os 270 dias da gestação + os 730 dias até que o bebê complete dois anos de idade, é a fase mais intensa para o desenvolvimento físico e mental de um ser humano. Nesse período, acontece o maior estirão de crescimento e um intenso desenvolvimento neurológico (aos dois anos, o cérebro de uma bebê tem 80% do tamanho do cérebro de um adulto e é duas vezes mais ativo) e imunológico. É ainda a fase da formação de bons hábitos alimentares, que aumentarão as chances do bebê se tornar um adulto mais saudável. Em um curto período de 36 meses, as crianças desenvolvem suas habilidades de pensar e falar, aprendem e raciocinar e lançam os alicerces para seus valores e comportamentos sociais quando adultos. Portanto, nos primeiros 1.000 dias, prevenir doenças, estimular o sistema neurológico e monitorar o sistema imunológico pode garantir desenvolvimento adequado e boa saúde na vida adulta.
Cuidados que ajudam o neurodesenvolvimento infantil fazem parte do planejamento gestacional e da gravidez Entretanto, é possível pensar na saúde e bem-estar desde o planejamento gestacional e durante a gravidez. A mulher deve se empenhar em uma série de mudanças em seu estilo de vida.
Abandonar hábitos nocivos A mulher já deve estar ciente que muitos problemas que comprometem o desenvolvimento global do bebê podem se iniciar na gestação. Um deles é a Síndrome Alcoólica Fetal. Não existe quantidade segura de álcool para o consumo na gestação, portanto, a ingestão de bebidas deve ser evitada. Outro hábito que deve ser abandonado é o tabagismo.
Adotar uma alimentação saudável A alimentação balanceada e saudável, com consumo de vegetais bem higienizados e/ou cozidos e boa ingestão de proteínas, como carne, ovos e peixes, é importante para o bom desenvolvimento do feto e de todos os sistemas orgânicos em formação. Se tiver dúvidas, procure conversar com um nutricionista. Ele é o profissional mais adequado a orientar tentantes e gestantes de acordo com suas necessidades individuais. Se necessário, busque orientação profissional para uso de suplementos alimentares adequados.
Atenção ao uso de medicamentos na gestação O uso de medicamentos também pode levar a malformações cardíacas, renais e até mesmo esqueléticas. Se for necessário tomar uma medicação de uso contínuo, converse com seu médico e informe-se sobre riscos e possíveis substituições.
Atenção também a patologias de origem genética Se for de conhecimento a existência de patologias de origem genética na família, é importante a orientação de um geneticista e uma avaliação se há necessidade de alguma pesquisa genética. Se possível, isso deve ser feito antes da gravidez.
Não se esqueça do pré-natal Os exames de pré-natal podem diagnosticar infecções que, se ocorrerem na gestante, podem comprometer o bebê. Sífilis, toxoplasmose ou citomegalovirose, por exemplo, podem ser detectadas nos exames e tratadas na gestação. No pré-natal também é possível identificar se há malformações fetais. Problemas do desenvolvimento global, como deficiência cognitiva, TEA ou TDAH não podem ser previstos nessa fase. Para completar, a mulher deve assumir a prática de atividades físicas regulares, com acompanhamento e supervisão de um profissional. É indicado ainda regularizar o calendário vacinal.
Cuidados com a criança Para o bebê, os cuidados começam logo após o nascimento. O aleitamento materno, por exemplo, vai levar a exposição do DNA do recém-nascido a processos bioquímicos que vão garantir a adaptação dele ao mundo extra-uterino e a regulação de processos epigenéticos (transcrição de genes e/ou na síntese proteica), contribuindo para um melhor perfil de saúde a longo prazo. Também é fundamental o acompanhamento pediátrico e a realização dos testes de triagem neonatal (como o teste do pezinho). Esses testes são capazes de identificar doenças que podem se manifestar desde o primeiro ano de vida da criança e ao longo do seu desenvolvimento. São enfermidades que podem comprometer o desenvolvimento neurológico e são passíveis de tratamento, por isso a importância dos exames. Esse conjunto de ações vai contribuir para o crescimento e o desenvolvimento infantil adequados. Pensar no neurodesenvolvimento infantil envolve uma série de passos. Ter cuidado e atenção à saúde da mulher que planeja engravidar, à gestação e ao bebê, em especial nessa janela de 1.000 dias, são medidas que podem determinar o desenvolvimento global da criança e do adulto que ela irá se tornar.
TEXTO ESCRITO POR CINTHIA MACEDO SPECIAN NEUROLOGISTA PEDIÁTRICA CRM/SP – 69138 @dra.cinthiaspecian
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