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Mais Abraços // Quarta-feira 7 Outubro, 2020 // #parto, #amor, #emocoes
Em menos de 10 dias vou conhecer o Miguel. Estou ansiosa para que esse momento chegue logo, mas às vezes fico pensando que queria aproveitar um pouco mais a minha barriga. Especialmente porque quase ninguém da minha família conseguiu me ver grávida. Só por foto e em chamadas de vídeo.
Moro em Bauru, no interior de São Paulo, com meu marido André. Meus pais em Botucatu, a uns 100 km daqui. Já minha irmã, meus tios, padrinhos e o restante da família vivem na capital. Todos nós nos encontraríamos agora, nos últimos meses de gravidez, durante o Chá de Bebê do Miguel.
A festa aconteceria no dia 29 de março aqui no salão do condomínio onde eu vivo. Já tinha encomendado uma decoração de Safári, as lembrancinhas, os docinhos. Comprei quilos e quilos de frango, arroz e batata palha para servir aos convidados um belo estrogonofe. Mas 10 dias antes de tudo isso acontecer recebi um telefonema da administração do condomínio cancelando o Chá de Bebê. Não poderia haver aglomerações.
Tudo desmoronou naquela hora, fiquei muito triste. Não só pelo fim da festa, mas exatamente porque algumas das pessoas mais importantes da minha vida não me veriam grávida. Nem meu tio, que sempre me ajudou tanto. Nem minha irmã - e nunca estivemos tão amigas.
Renata, minha amiga aqui de Bauru que estava me ajudando a organizar o Chá, viu minha tristeza e me preparou uma surpresa. Pediu que cada amigo meu aqui comprasse um presente e escrevesse um bilhetinho para mim e para o Miguel. Ela reuniu todos os pacotes e me entregou. Ganhamos muitas fraldas, lenços umedecidos, isso vai nos ajudar bastante.
Ali eu percebi a importância de ter amigos. E como eu e meu filho somos queridos, como todos estão ansiosos pela chegada dele. Essas demonstrações de amor nos ajudam a enfrentar qualquer problema, principalmente a solidão dos últimos meses de gravidez em isolamento. Eu recebo diariamente telefonemas e mensagens da família. Até meu pai, que nunca foi muito carinhoso, me liga para perguntar como eu estou, dizer que tem saudade e saber se Miguel está chutando muito dentro da minha barriga. Minha família não pôde me ver, mas eu tento aplacar essa frustração mandando muitas fotos. Eles acompanharam toda a evolução da gravidez, mesmo a distância. Também faço a minha parte.
Estou comendo frango até hoje, mas o mais importante é que estamos com saúde. E planejando um Chá de Boas-vindas ao Miguel para quando tudo isso passar. É quando vou entregar as lembrancinhas. Vai ter menos gente, um cantinho seguro para nós dois e não vou deixar ninguém segurá-lo, pelo menos por um tempo.
Não é chatice, é cuidado. A gente precisa cuidar bem de quem a gente tanto ama. Meu filho nem chegou e já mudou as nossas vidas: uniu a família, me aproximou da minha irmã, derreteu meu pai, deu um sentido para a vida do André, que achava que nunca ia conseguir ter filhos, e me transformou nessa leoa que vai protegê-lo para sempre.
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