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Mais Abraços // Quarta-feira 7 Outubro, 2020 // #parto, #amor, #emocoes
Quando a gente engravida pela primeira vez, acho que pensa logo na mãe para ajudar no primeiro banho, dizer como é que se amamenta, dar todo o caminho das pedras. Afinal, ela é mais experiente na missão de criar alguém, já passou por tudo isso antes.
Na minha cabeça estava tudo certo: quando a Antonella nascesse, minha mãe estaria ali na maternidade, conhecendo a neta e me amparando. Viria de Maricá a São Gonçalo, no Rio de Janeiro, para cuidar de nós duas. Minha sogra também já estava a postos.
Só que depois de cinco anos tratando uma endometriose, engravidei justo nesse momento em que o mundo viraria de pernas para o ar.
E, por trabalhar na área da Saúde - sou biomédica -, entendi que as coisas ficariam mais difíceis, então entrei em isolamento voluntário logo no começo de março.
Nas últimas semanas de gravidez, não vi mais ninguém da minha família, apenas meu marido, que conseguiu se isolar junto comigo. Ele foi o meu grande companheiro nessa jornada de proteger a Antonella desde o princípio. Estávamos seguros, mas sozinhos.
Nossa filha deu sinais de que queria nascer uma semana antes de eu entrar em trabalho de parto. As contrações me levaram à maternidade no sábado anterior ao seu nascimento e já havia alguns procedimentos de segurança naquele momento, mas me acalmaram e disseram que as visitas e a fotógrafa especializada em “newborn” estavam liberadas. Me acalmei, pensei nos meus pais, nos meus sogros e em todos que queriam dividir esse momento comigo. Somos uma família muito unida.
Cheguei na maternidade em 21 de março com a certeza de que minha filha viria ao mundo naquele dia. Mediram a minha temperatura e a de meu marido ainda do lado de fora do prédio e logo avisaram: apenas nós dois poderíamos entrar. Foi assustador, mas respiramos fundo e seguimos.
Enquanto eu dava à luz, tive meu primeiro sinal de que não estávamos tão sozinhos assim: a médica anestesista se propôs a registrar aquele momento.
Foi ela quem tirou as primeiras fotos da Antonella sem eu precisar pedir e ficaram tão lindas quanto as de um profissional.
Mas eu me sentia perdida. Por mais que se leia e se estude sobre o que fazer com um bebê quando ele nasce, na prática parece que você não vai dar conta.
Eu dizia para as enfermeiras: “eu estou desesperada porque a minha mãe não vai poder vir, a minha sogra não vai poder vir. Eu não sei nem dar banho, nem segurar a minha filha”, e elas me acalmavam. “A gente está aqui para te ajudar”.
E estavam mesmo. No dia seguinte, a médica anestesista voltou ao hospital para me ensinar a amamentar. Todas essas pessoas não me conheciam, mas me apoiaram desde o princípio. Me senti abraçada. Foi muito bonito ver que, no meio desse caos todo, a gente sempre encontra afeto, amor. Pequenos gestos de acolhimento que mudam toda a história.
Minha filha vai fazer dois meses, ainda não conhece boa parte da família, mas criei um perfil de Instagram para que todos possam acompanhar o seu desenvolvimento.
Diariamente, faço vídeo chamadas para que ela vá reconhecendo, desde já, as vozes que estarão sempre ali por ela, principalmente de seus avós. E para mostrar que, mesmo distantes, temos uns aos outros.
Temos a nossa esperança chamada Antonella.
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