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Mais Abraços // Terça-feira 12 Dezembro, 2023 // #gravidez, #endometriose
Para mulheres que passam pela gravidez com endometriose, uma condição médica dolorosa e muitas vezes debilitante, a jornada pode ter algumas particularidades. A começar pela fertilidade e chances de concepção, que podem ser menores, mas também em relação às transformações no corpo da mulher e ao desenvolvimento do bebê.
A seguir, entenda como este quadro de saúde afeta mãe e filho.
A endometriose é uma doença crônica que atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva, segundo o Ministério da Saúde, e faz com que o tecido que normalmente reveste internamente o útero passe a crescer fora deste local, muitas vezes afetando outras estruturas reprodutivas, como ovários, e órgãos e causando uma série de sintomas dolorosos.
Mulheres com endometriose muitas vezes enfrentam preocupações relacionadas à fertilidade. A presença do tecido endometrial fora do útero pode impactar a função dos ovários e até mesmo dificultar a implantação do embrião na cavidade uterina.
No entanto, é importante destacar que a endometriose não é uma sentença de infertilidade absoluta. Com uma avaliação médica cuidadosa, é possível desenvolver estratégias para otimizar as chances de concepção.
Para tanto, antes de iniciar a jornada da gravidez, mulheres com endometriose devem buscar aconselhamento médico especializado, entendendo a extensão da endometriose, identificando possíveis obstáculos à gravidez e discutindo opções de tratamento. Em alguns casos,
Durante a gestação, as mulheres com endometriose podem experimentar uma variedade de mudanças, mas o quadro é complexo, segundo a ginecologista Márcia Mendonça Carneiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
"Alguns estudos sugerem que mulheres com endometriose apresentam mais complicações como parto prematuro e placenta prévia, uma complicação da gravidez causada pela inserção baixa da placenta", explica Carneiro.
Por outro lado, diz a médica, resultados neonatais como peso ao nascer, altura, taxa de admissão do recém-nascido na UTI e idade gestacional não possuem diferenças significativas entre grupo de mulheres com endometriose ou sem a doença prévia.
"Outro estudo recente, amplo e detalhado, que revisou os achados de publicações anteriores concluiu que as complicações em gestantes com endometriose são raras e que não há evidência que a doença tenha efeitos adversos sob a gravidez", afirma Carneiro.
Segundo a ginecologista, não há indicações específicas de via de parto exceto em situações especiais. "Em geral, a indicação da via de parto obedece aos mesmos princípios para uma mulher sem endometriose", ela diz.
Entretanto, destaca a médica, mulheres com endometriose profunda infiltrativa – uma forma avançada da doença em que o tecido do endométrio cresce além do útero, invadindo outros órgãos pélvicos, como o intestino ou a bexiga – devem ser cuidadosamente avaliadas antes de engravidar.
"A remoção incompleta de lesões intestinais, por exemplo, pode resultar em complicações durante a gestação e o parto. Dessa forma, a avaliação cuidadosa antes da gravidez é fundamental para identificar possíveis fatores de risco e tratá-los adequadamente", conclui.
A gravidez pode, em alguns casos, reduzir sintomas da endometriose, como cansaço, dor durante as relações sexuais, e inchaço abdominal, devido às alterações hormonais. "A progesterona é um dos hormônios utilizados para controlar os sintomas de endometriose e como na gestação este hormônio é produzido em abundância, pode contribuir para reduzi-los", explica Carneiro.
O tratamento efetivo da doença, entretanto, não ocorre. "Os principais objetivos do tratamento da endometriose são: o alívio da dor, a obtenção de gravidez naquelas que a desejam e a prevenção do retorno da doença. A modalidade terapêutica pode incluir o uso de medicamentos, a realização de cirurgias ou a combinação de ambos", diz a médica.
Engravidar pela segunda vez pode suscitar dúvidas e preocupação para mulheres que enfrentam a endometriose. No entanto, é fundamental notar que cada caso é único, e muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar pela segunda vez.
"A abordagem deve ser individualizada levando-se em conta a idade da mulher, presença de infertilidade anterior, além da existência de outros cofatores, como infertilidade masculina, assim como o estadiamento da doença [a análise e classificação da extensão e gravidade da endometriose]", explica Carneiro.
Segundo a ginecologista, em casos graves, que levam ao crescimento do endométrio para fora do útero, aderindo-se a outros órgãos e alterando a sua estrutura normal, e obstrução das trompas, por exemplo, as chances de gravidez espontânea estão reduzidas.
"O tratamento dos endometriomas [cistos de endométrio no ovário] deve ser cuidadosamente planejado de modo a não reduzir ainda mais as chances de gravidez", ela diz. Carneiro também destaca que as mulheres devem ser informadas sobre os riscos da redução da função ovariana após essa cirurgia.
Em alguns casos, a remoção de tecido e a correção de anormalidades anatômicas podem melhorar as chances de concepção ao restaurar a função dos órgãos reprodutivos. No entanto, a cirurgia também pode causar aderências ou cicatrizes, o que pode afetar negativamente a fertilidade
"A decisão de remover cirurgicamente o cisto deve ser cuidadosamente avaliada quando em casos nos quais há história de cirurgia prévia no ovário", afirma a ginecologista.
Isto é, a avaliação pré-concepcional, a exploração de tratamentos e estratégias de fertilidade, e um acompanhamento cuidadoso durante a gravidez são passos fundamentais para alcançar o sonho da maternidade novamente.
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