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Mais Abraços // Quinta-feira 17 Agosto, 2023 // #gestacao, #gemeos, #gravidez
É comum imaginar, vendo uma mãe ou pai passear na rua com gêmeos recém-nascidos, os desafios para criar dois bebês ao mesmo tempo. Mas, antes mesmo do parto, a gestação múltipla já apresenta suas particularidades. É verdade, por exemplo, que ela exige mais do corpo da mulher, já que precisará abrir espaço para dois bebês em vez de um só — os sintomas, portanto, podem ser mais intensos desde o início da gravidez. E há também detalhes divertidos, como imaginar e descobrir se as crianças serão idênticas ou não.
Para se preparar e curtir ao máximo enquanto gesta dois ou mais bebês, aproveite as dicas que elaboramos a seguir em parceria com a pediatra Claudia Cristina Goulart Ribeiro, coordenadora da obstetrícia do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, que fica no Rio de Janeiro.
Existem dois tipos de gravidez gemelar. A bivitelina ocorre quando o ovário libera mais de um óvulo e cada um deles é fecundado por um espermatozoide – são os gêmeos não-idênticos. Já a univitelina é quando apenas um óvulo é fecundado por um espermatozoide e se divide, originando dois embriões, resultando em gêmeos idênticos.
Além disso, elas também são classificadas pelo tipo de placenta e de bolsa amniótica. "Na gestação gemelar monocoriônica e monoamniótica, os bebês dividem uma mesma placenta e bolsa amniótica, resultando em gêmeos idênticos", explica Ribeiro. "Na gestação gemelar monocoriônica e diamniótica existe uma placenta, mas duas bolsas amnióticas, e os bebês também serão iguais." Por último, há a gestação gemelar dicoriônica e diamniótica, com duas placentas e duas bolsas. Nesse caso, as crianças podem ou não ser idênticas.
Os sintomas da gravidez gemelar são os mesmos de uma gravidez comum, mas podem ser mais fortes. "Os sintomas da gravidez são bastante comuns e costumam ser mais intensos na gestação gemelar: enjoos, vômitos, sensibilidade nos seios, cansaço, sono e dor pélvica, podendo variar de gestante para gestante", explica Ribeiro.
"A ultrassonografia é uma forma segura de detectar uma gravidez de gêmeos, porém, até ela é passível de erros se for feita muito precocemente", explica a pediatra. Segundo Ribeiro, em caso de tratamentos de fertilidade, os ultrassons podem ser feitos mais cedo, por volta da quarta ou quinta semana, por conta do tratamento. "Mas, para uma gestação múltipla, o ideal é fazer o exame a partir da oitava semana até a 14ª semana, para conseguir visualizar mais de um saco gestacional ou embriões", diz.
Não, não é impressão sua: há mesmo mais gêmeos mesmo na rua nos últimos tempos. "Nas últimas décadas, o número de gestações gemelares cresceu bastante, e alguns fatores podem influenciar ou até induzir para que esse tipo de gravidez aconteça", diz a pediatra Claudia Cristina Goulart Ribeiro, coordenadora da obstetrícia do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Segundo Ribeiro, o fato de as mulheres estarem engravidando mais tarde, após os 30 anos, é um desses fatores. "O corpo feminino produz mais hormônios que estimulam a ovulação – e, assim, os ovários liberam mais óvulos a cada mês. Dessa maneira, aumentam a probabilidade de uma gestação gemelar", explica Ribeiro.
Outro fator é a fertilização in vitro, uma das técnicas de reprodução assistida mais utilizadas, que também causa aumento das chances de uma gravidez gemelar.
"A probabilidade de uma gestação gemelar está atrelada a fatores como a idade da mulher, sua reserva ovariana, histórico familiar, entre outros", diz Ribeiro. "Estima-se que, de maneira natural, as chances de engravidar de gêmeos variam de 1,5% a 3%. No Brasil, 10 a cada 1.000 casos de gestação são de gêmeos."
O principal risco de uma gravidez de gêmeos, explica Ribeiro, é o parto prematuro. "Em metade das gestações gemelares, o parto acontece antes da 37ª semana e as chances aumentam quando há mais de dois bebês", diz a pediatra. Quando o bebê é prematuro, é maior o risco de que seu organismo ainda não esteja totalmente amadurecido no momento do nascimento, portanto há possibilidade maior de problemas como distúrbios respiratórios e hipoglicemia.
"A gravidez de gêmeos também tem um risco maior de pré-eclâmpsia, que é o aumento excessivo da pressão arterial da mãe e diabetes gestacional. Além disso, pode ocorrer aborto espontâneo, parto prematuro e descolamento prematuro da placenta", pontua a especialista.
Segundo Ribeiro, a gestação gemelar é considerada de maior risco e, por isso, requer mais atenção tanto em relação à mãe quanto aos bebês. Mesmo assim, com os devidos cuidados, é possível ter uma gestação tranquila e sem intercorrências.
Uma alimentação saudável e balanceada, rica em nutrientes e vitaminas, é fundamental para garantir a saúde dos bebês e da mãe durante a gravidez gemelar.
"A combinação de alimentação balanceada e exercícios ajuda a prevenir e tratar a diabetes gestacional, mais frequente em gestação gemelar", diz a médica. "Se a gravidez não tiver intercorrências, a gestante pode praticar exercícios físicos moderados durante 30 minutos todos os dias, como caminhadas, hidroginástica e yoga." Mais para o final da gravidez, porém, o repouso pode ser avaliado junto ao médico caso haja risco de parto prematuro.
Além disso, em uma gravidez gemelar, as consultas de pré-natal devem ser mais frequentes e os exames de ultrassom também. "Se houver qualquer alteração, exames adicionais podem ser necessários para avaliar o bem-estar dos bebês", diz a pediatra.
Se a gravidez pode ser mais difícil com dois bebês crescendo na barriga, a situação não muda muito no puerpério. Segundo Ribeiro, a gestante que espera gêmeos tem maior chance de ter depressão pós-parto do que as demais. "Entre as principais causas da doença, podemos associar as maiores alterações hormonais e a nova rotina", diz a médica. "Como gêmeos exigem cuidados em dobro, isso pode trazer grande ansiedade e estresse para a mãe, assim, a depressão pós-parto surge como reação comum frente a essa rotina."
Os principais sintomas, listados pela médica, são a dependência exagerada do parceiro, o sentimento de incapacidade para assumir o papel de mãe, a dificuldade de cuidar dos bebês, o isolamento e o choro excessivo e fácil. "Esses sintomas podem variar muito de mulher para mulher. Por isso, qualquer alteração emocional deve ser observada atentamente", diz Ribeiro. "É papel da família prestar atenção às possíveis alterações emocionais dessa mãe e, caso necessário, comunicar ao médico e procurar auxílio."
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