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Mais Abraços // Segunda-feira 23 Setembro, 2024 // #paternidade, #família, #gravidez
A discussão sobre a paternidade ativa na sociedade é constante, já que, muitas vezes, a criação dos filhos, desde o nascimento, é desempenhada majoritariamente pelas mulheres que, além de educar e estarem presentes em todos as fases, ainda lidam com tarefas domésticas e precisam se dedicar ao lado profissional.
Uma recente pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha revela que 69% dos brasileiros acreditam que as mulheres devem ser as principais responsáveis por cuidar de filhos recém-nascidos. E 71% dos homens concordam que as mulheres são as principais responsáveis pelas crianças.
Neste artigo, vamos discutir o significado da paternidade, o papel do pai na família desde a relação com a parceira, o pré-natal, parto e pós-parto, até o desenvolvimento da criança ao longo da vida.
Mesmo com as mudanças em relação aos papéis do homem e da mulher na sociedade, ainda existe um “tabu” sobre homens serem mais ausentes no processo de criação dos filhos, é o que confirma Wimer Bottura, psiquiatra, psicoterapeuta e especialista no apoio aos pais e relações familiares.
"Embora exista um progresso na participação da paternidade na vida familiar cumprindo sua função de pai presente, ainda estamos muito longe do engajamento do homem”, ressalta o psiquiatra.
Para Wimer, estes casos acontecem ainda hoje com bastante frequência. Por conta da ausência da figura paterna no convívio familiar, os filhos tendem a ficar sob responsabilidade da mulher.
O Instituto Papo de Homem relatou em pesquisa que metade dos meninos tem dúvidas de que são amados pelo pai. Esse sentimento é causado pelo distanciamento emocional entre eles. A percepção é diferente em relação à raça: 35% dos adolescentes brancos e 49% entre os meninos negros têm dúvidas sobre o amor paterno.
Estes resultados, comentados por Guilherme Valadares, fundador do instituto, são resultado da dificuldade dos homens em mostrar amor aos filhos (por não serem ensinados), gerando homens que não sabem lidar com suas emoções.
Beto Bigatti, pai de dois filhos, colunista, palestrante e autor do livro "Pai Mala: relatos sinceros de afeto, vínculos e imperfeições que não estão nos manuais" reafirma que o cuidado à família, infelizmente, ainda é visto como algo feminino.
“As mulheres se dedicam aos filhos, ao marido e ao lar. No entanto, o homem é provedor da casa e, em tese, cumpre sua parte assim. E, mesmo com as mudanças atuais, em que mais homens estão cuidando da família, o papel de provedor ainda é muito forte no inconsciente da sociedade”, diz ele.
Ele complementa: “No final das contas, não há nada que um homem não possa fazer nos cuidados parentais”.
Dados apresentados pela Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) revelam que 91 mil crianças foram registradas sem o nome do pai no Brasil em 2024.
Por dia, são cerca de 460 registros sem a identificação da paternidade. Neste sentido, as mulheres, muitas vezes, assumem o papel de chefe de família e se tornam mães solo, além de somar à rotina as tarefas domésticas e profissionais.
Por outro lado, para os homens em um relacionamento, esta fase de transição para a paternidade ativa pode ser desafiadora por conta das mudanças bruscas na rotina, causando cansaço, diminuição na satisfação conjugal, no companheirismo, nas relações sexuais e íntimas e constantes conflitos em casa, é o que diz uma publicação da National Library of Medicine.
A princípio, mesmo com todos estes desafios previstos, quando o casal resolve ter filhos, deve passar por todas as fases em conjunto e desenvolver uma parceria, dividindo as responsabilidades, pois a soma dos dois (casal) irá moldar o lado emocional, psicológico e social da criança, que pode influenciar, inclusive, no seu caráter no futuro.
Beto Biggati acredita que as atitudes do pai são exemplo permanente para os filhos. Em suas observações, ele nota que, felizmente, muitos homens optam por não repetir os modelos do passado que os afastaram dos próprios pais. “Cada paternidade é única e temos a chance de fazer melhor ou diferente do que nossos pais fizeram”.
“Caso o homem tenha dificuldades no processo de paternidade ativa e, principalmente, deixar de viver a excelente experiência de conviver com a criança em desenvolvimento, pode ser sinal de alguns traumas ou erros em sua própria educação", alerta Wimer.
O psicoterapeuta recomenda que o homem busque um processo terapêutico, pois o tratamento pode ser benéfico para ele e, como desdobramento, para a criança e na relação com a mãe.
Mas como ser um pai presente desde a gravidez até a infância, adolescência e vida adulta? Abaixo, ampliamos a conversa sobre significado de paternidade ativa e sua importância em cada fase de vida do filho, da gestação ao pós-parto.
Sim! A presença do pai durante a gravidez é essencial. Ele deve participar dos exames de rotina do pré-natal e mostrar companheirismo à parceira, acolhendo-a ainda nos momentos de mudanças hormonais, que tendem a causar alterações emocionais e psicológicas na gestante.
"Quando o pai participa desde o início da gestação, acompanhando o pré-natal como parceiro, passa a ser responsável pelo processo de desenvolvimento da gestação. Com isso, o parto e o desenvolvimento da criança na barriga da mãe tendem a ser mais agradáveis”, diz Wimer.
O profissional adiciona um recado importante sobre paternidade: “Ao ser parceiro, não ‘fiscal’ durante a gestação, o homem atua diretamente no processo de formação da criança, tanto na melhora de seu caráter, como no lado afetivo”.
Beto conta que esteve bastante presente desde que ele e sua esposa descobriram a gravidez: “Bom, eu conversei com nosso bebê no dia em que o teste de farmácia deu positivo e nunca mais parei".
Além da importância do pai durante a gravidez, a presença masculina é essencial no momento do parto, dando apoio e segurança para a futura mamãe. Nos dias em que a mulher estiver na maternidade, o homem deve se preocupar com primeiros cuidados com o bebê, como dar colo, banho e trocar fraldas para que a mulher tenha momentos de descanso.
O conceito de carga mental muitas vezes é um grande mistério para os homens. Por isso é importante tocar nesse assunto e letrar os homens nos aspectos relacionados à exaustão da mulher.
Já em casa, aproveite os dias de licença paternidade ao máximo e mantenha as atividades nos cuidados básicos com mãe e bebê, até porque a criança irá demandar mais atenção da mãe por conta da amamentação e o homem consegue trocar fraldas, dar banho e ser parceiro nas consultas de rotina. Ao criar uma rotina com o bebê, o pai fortalece o vínculo de amor e cuidado, fatores que afetam a vida toda da criança.
“No pós-parto, a presença do companheiro - compartilhando responsabilidade, afeto e alegria nesta fase tão especial - na rotina em casa favorece a tranquilidade da mãe e do bebê, sendo um momento decisivo para a tranquilidade do recém-nato”, orienta o psiquiatra.
Ademais, a divisão de tarefas domésticas fará parte deste novo cenário para que a mulher tenha mais tranquilidade para se dedicar ao bebê. Organizar e limpar a casa, preparar as refeições e lavar as roupas sujas são tarefas domésticas que podem ser mantidas pelo homem.
“A presença do pai se faz não só pela observação, escuta, diálogo com a mãe, como também ao compartilhar responsabilidades e deveres do dia a dia. Sempre que possível, a mãe merece descanso neste período de cuidado mais intenso com o bebê”, afirma o especialista.
Neste novo cenário, o pai deve se envolver emocionalmente com a mãe e o bebê. Portanto, abrace sua parceira no sentido de acolhê-la, pois ela foi a responsável por gerar o bebê de vocês. A mulher também precisa do apoio e conforto do homem para continuar dando amor à família, o que será a base principal para a construção do vínculo de afeto em casa.
Para o palestrante, as pessoas precisam esquecer essa ideia de que homem “ajuda” em casa: “Ele não ajuda, ele faz, até porque a casa é dos dois, o filho é dos dois e, portanto, as tarefas são divididas de igual para igual. Não há atividade de homem ou de mulher numa família”.
À medida em que as crianças vão crescendo, a paternidade ativa se torna ainda mais importante, pois quanto mais convívio com os filhos, mais o pai se torna uma figura relevante para a formação dos pequenos.
A participação na escolha da escola da criança, a participação na educação escolar, como comparecer a reuniões escolares, ir a eventos familiares no local e estar a par do desempenho nos estudos é fundamental.
Além disso, o pai deve reservar momentos para estar ao lado do filho, seja para brincar, escutar o que ele tem a dizer, abrindo espaço para diálogo e dando suporte emocional. Todas essas atitudes passam a sensação de acolhimento para a criança, que passa a confiar na figura paterna em diversas situações.
"Existem pais que passam o dia todo junto com os filhos, mas não os escutam. Então, a intensidade da relação está na capacidade de escuta e de se interessar pela criança. A presença do pai não é feita para resolver os problemas do filho, mas para que ele encontre soluções”, destaca o especialista.
Segundo Wimer, a figura do pai pode servir de modelo a ser seguido ou negado pela criança ao longo da vida, embora não seja esta a única forma de referência.
A mensagem que o especialista destaca é: “Um pai deve representar para o filho alguém com quem ele possa contar. Quem cresce com essa confiança raramente precisa de ajuda para enfrentar o mundo, além de se desenvolver com mais segurança, autonomia, ousadia e coragem”.
“Assumir o papel de pai é transformador”, diz Beto. Seu conselho é que ninguém sabe tudo e errar é absolutamente normal. Então não tenha medo de errar, mas participe e se permita aprender.
Um pai presente na vida do filho é sinônimo de amor e vai refletir na personalidade afetiva do pequeno! Temos certeza de que seu objetivo é encher sua família de carinho para colher os frutos no futuro, pois todos ganham com pequenas atitudes. Boa paternidade e até mais.
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