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Mais Abraços // Quarta-feira 20 Março, 2024 // #gravidez, #dengue
Durante a gestação, é preciso ter cuidado redobrado para garantir saúde para mãe e bebê. Diante de um pico nos casos de dengue, como o que ocorre no Brasil, essa atenção deve se tornar ainda maior.
Para entender a necessidade de atenção, o Ministério da Saúde informa que os casos aumentaram 345% nas seis primeiras semanas de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
Ao longo deste artigo, vamos entender o necessário para lidar com esta doença: como se prevenir, o que a dengue pode causar na gravidez, como é transmitida e muito mais.
“A dengue é uma doença viral causada pelo vírus da dengue (DENV) e é transmitida aos humanos através da picada do mosquito Aedes aegypti infectado com o vírus”, diz a alergista e imunologista Claudia Valente.
Ela explica que existem quatro sorotipos do vírus que causa a dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) e que a infecção com um sorotipo seguida por outra infecção com um sorotipo diferente aumenta o risco de dengue grave.
Valente ressalta que, no Brasil, houve um aumento de 162% do número de casos de dengue na gravidez em 2022 (dados divulgados no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde). E o número aumentou até 1,6 milhões de casos em 2023. Em março de 2024, já foram registrados mais de 500 mil casos.
Este aumento representa um quadro preocupante de saúde pública, considerando o risco elevado de complicações graves, tanto para as mães quanto para os bebês.
Após a picada do mosquito Aedes aegypti infectado, o vírus da dengue penetra na corrente sanguínea, explica a Fiocruz. Durante quatro a sete dias, ocorre o chamado “período de incubação”, em que o vírus se espalha pelo corpo. Nesta fase, a pessoa está infectada, mas não transmite a doença se for picada pelo mosquito.
Em seguida, tem início o período de viremia, que dura cerca de seis dias. Exceto nos casos em que não há sintomas, o início do período de viremia costuma causar febre, que surge como consequência da tentativa de o organismo combater o vírus.
Mesmo que não apresente sintomas, durante o período de viremia o indivíduo infectado pode transmitir a doença se for picado pelo vetor. O vírus da dengue continua a se multiplicar dentro das células e atinge a medula óssea, onde pode comprometer a produção de plaquetas, que são fundamentais para os processos de coagulação.
"A dengue é uma doença que cursa com febre alta de início súbito, dor de cabeça, apatia, dores no corpo e nas articulações e, em alguns casos, causa manchas na pele. A gestante também pode apresentar náuseas, vômitos e diarreia”, explica a especialista.
Ela continua: “Entre o quarto e sétimo dias, vem a fase crítica da doença, podendo haver complicações que devem ser acompanhadas pelo médico da gestante”.
Portanto, os principais sintomas são:
Febre alta de início súbito;
Dor de cabeça;
Apatia;
Dores no corpo e nas articulações;
Manchas na pele;
Náuseas;
Vômitos;
Diarreia.
De acordo com o Ministério da Saúde, a grande maioria das infecções é assintomática, mas podem evoluir de três formas distintas:
Dengue de forma benigna, similar a uma gripe;
Dengue com sinais de alarme, mais grave, caracterizada por alterações da coagulação sanguínea;
Dengue grave, forma rara, mas que pode ter complicações mais sérias se não houver atendimento rápido e especializado.
Essa evolução distinta acontece por fatores como o subtipo de vírus, infecção anterior pelo vírus da dengue e precedentes individuais, como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica e anemia falciforme).
“A doença se desenvolve da mesma forma nas mulheres grávidas e não grávidas. Porém, nos casos de grávida com dengue e das puérperas, acontecem alterações que podem passar despercebidas por conta dos sintomas próprios da gravidez, como náuseas e vômitos, dificultando o diagnóstico”, explica a médica.
Uma das alterações apontados pelo Ministério da Saúde - e que deve ser observada pelo médico da gestante - é a queda abrupta do número de plaquetas, pois indica que a condição pode se complicar, causando hemorragia.
Além das alterações hormonais que acontecem durante a gravidez, a Fiocruz lembra que as grávidas têm a imunidade reduzida naturalmente e, este fator, somado à dengue, também favorece as complicações na gestação.
As grávidas que tiverem dengue precisam de um acompanhamento mais próximo para garantir que tanto elas, quanto seus bebês, permaneçam saudáveis.
O quadro, quando mais grave, pode gerar algumas complicações. A partir do sétimo mês, há chances de desenvolver fatores de risco para a prematuridade, como a hipertensão gestacional e pressão baixa.
Em relação ao desenvolvimento fetal, Claudia Valente explica que, quando a gestante contrai a dengue, ocorrem alterações na placenta que podem levar a prejuízos no desenvolvimento do feto, levando a abortamento, prematuridade e baixo peso, por exemplo.
Há risco também de hemorragias pós-parto e, como apontado pela Fiocruz, chances maiores de alterações neurológicas. Ainda de acordo com a Fiocruz, se a mulher estiver infectada com o vírus da dengue perto do período do nascimento do bebê, a criança pode nascer infectada ou adquirir a doença no momento do parto, mas é pouco frequente.
Ao apresentar os sintomas, a grávida com dengue deve ser encaminhada ao médico para fazer uma coleta de exame que pode confirmar a dengue (NS1), além de realizar exames que tem, entre outras finalidades, avaliar a quantidade de hemácias e plaquetas no sangue.
Em caso de sinais de alerta como dor abdominal, vômitos, apatia, queda da pressão arterial, sangramentos ou queda do número de plaquetas, a gestante pode ser hospitalizada para tratamento.
Além do acompanhamento médico, o tratamento para gestante é o mesmo que para os demais: repouso, hidratação, medicamento oral ou intravenoso para febre e dor.
É importante ressaltar que qualquer pessoa, principalmente as gestantes, infectada pela dengue deve evitar a automedicação com aspirina, ibuprofeno ou nimesulida, pois o medicamento pode mascarar os sintomas reais da doença, o que dificulta o diagnóstico exato e ainda há riscos de aumentar as complicações.
Uma das principais medidas para evitar dengue a gravidez é eliminar os locais que sirvam de criadouros do Aedes aegypti, evitando acúmulo de água parada perto de casa e do local de trabalho.
Veja mais hábitos para adotar em casa e evitar aparecimento e contato com o mosquito:
Aplicação de repelente específico para gestantes;
Telas de proteção em portas, janelas e mosquiteiros em volta da cama;
Evitar viagens para áreas que estejam com casos de dengue;
Usar roupas que protejam o corpo (camisetas de manga comprida, calça comprida e meias).
Entre as formas de prevenção está também a vacina contra a dengue. Porém, a grávida não pode recorrer à essa medida, como explica a especialista: “A vacina contra a dengue é uma vacina com o vírus da dengue vivo atenuado, então não está recomendada para gestantes e mulheres amamentando”.
Quando a vacina é feita com o vírus vivo atenuado, há o risco, mesmo que baixo, de a mulher grávida, que já está com a imunidade alterada por conta da gestação, desenvolver a doença.
É importante, ainda, de acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, redobrar os cuidados para evitar uma segunda contaminação durante a gravidez, pois, se ocorrer, pode potencializar o desenvolvimento de uma versão grave da doença.
E lembre-se sempre que, caso haja qualquer sinal ou sintoma de dengue, a grávida deve imediatamente ir ao médico para iniciar o acompanhamento o quanto antes.
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