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Mais Abraços // Terça-feira 10 Dezembro, 2024 // #gravidez, #autoestima, #cuidados, #bem-estar
A gravidez é um momento transformador, repleto de descobertas e adaptações. No entanto, muitas mulheres se deparam com sentimentos de insegurança e baixa autoestima.
Para aprofundar o tema, conversamos com Rafaela Schiavo, especialista em psicologia perinatal, que compartilhou insights sobre como esse sentimento pode se manifestar, os fatores que o influenciam e formas de lidar com ele.
Segundo um estudo publicado pela Revista da Escola de Enfermagem da USP, cerca de 60% das mulheres grávidas reportam insatisfação com sua autoestima na gestação. Reconhecer os sinais de baixa autoestima na gravidez pode ser o primeiro passo para recuperar o bem-estar e cuidar melhor de si mesma.
De acordo com Schiavo, o sentimento negativo aparece de várias maneiras, seja pelas mudanças no corpo na gravidez ou por questões psicológicas. "A baixa autoestima pode se manifestar quando a mulher começa a olhar para seu corpo e não gosta do que vê", explica. "Ela pode também achar que será incompetente como mãe."
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Os principais sinais de baixa autoestima da gestante são:
Autocrítica exagerada: comentários que indiquem insatisfação consigo mesma ou com a própria aparência são um sinal de alerta, mostrando que a gestante pode estar passando por dificuldades em aceitar as mudanças da gravidez.
Insatisfação com a imagem corporal: a gestante pode evitar o espelho, sentir-se desconfortável com o próprio corpo e achar que não é mais atraente ou desejável. Esse sentimento pode impactar até a sua vida sexual, pois ela se sente menos atraente e, muitas vezes, evita o contato físico.
Isolamento social: o afastamento de amigos e familiares é outro indicador importante de que a gestante pode estar sofrendo com baixa autoestima.
Segundo Schiavo, personalidades mais depressivas ou ansiosas e experiências de apego inseguro na infância (relacionado a quem teve pai ou mãe distante nessa etapa da vida) são alguns fatores que aumentam a vulnerabilidade da gestante. Comentários negativos também intensificam a sensação de inadequação.
A especialista aponta ainda que a insatisfação com autoestima na gravidez pode aparecer em qualquer tipo de gestação: “Esse sentimento pode se manifestar em quem planejou e em quem não planejou a gravidez”, destaca.
No entanto, o estudo publicado pela Revista da Escola de Enfermagem da USP mostra que das 127 gestantes atendidas, as que disseram estar em uma gestação não planejada apresentaram maior prevalência de autoestima insatisfatória.
Além disso, a percepção da mulher sobre a gravidez pode mudar de uma semana para outra. Por exemplo, a 6ª semana de gravidez é uma etapa de grande incerteza, na qual é normal experimentar sentimentos de angústia e emoções contraditórias.
Durante a gestação, o corpo da mulher passa por várias mudanças: o cabelo pode mudar de textura, a pele fica mais sensível, o abdômen e os seios aumentam, há escurecimento de algumas regiões e surgem manchas na pele. Essas transformações podem impactar profundamente a autoestima na gravidez, dificultando o processo de aceitação.
"Existem muitas mulheres que vão ficar felizes com as mudanças, mas tem aquelas que não vão gostar", diz Schiavo. "Preferem cabelo liso e não encaracolado, por exemplo, não gostam de ver o aumento do abdômen, não ficam felizes com o aumento de peso na balança."
É importante lembrar que cada mulher vive a gestação e as mudanças no corpo na gravidez de forma única, e sentir-se desconfortável com essas transformações é válido e compreensível. Para algumas, por exemplo, manter cuidados com a pele na gravidez pode ser essencial para autoestima. Para outras, pode ser a prática de exercício físico na gravidez que faz a diferença.
Durante a gravidez, a mulher passa por uma série de transformações profundas que vão além das mudanças físicas e afetam também sua saúde emocional. A gestação exige adaptações emocionais que impactam a identidade, o autoconhecimento e a autoestima da gestante. Assim, é natural que algumas mulheres sintam uma sensação de desconexão com quem elas eram antes de engravidar.
Mesmo antes do parto, junto com muitas outras emoções que a gravidez traz, a culpa também pode surgir, gerando insegurança sobre ser uma "boa mãe". Esse receio é frequentemente alimentado por comparações com outras mães e expectativas que a sociedade ou mesmo o círculo familiar colocam sobre a mulher.
Para que a autoestima e o bem-estar na gravidez sejam preservados, é importante que a gestante busque compreender que essas transformações são um processo natural e necessário. Esse apoio pode vir através de terapia ou de conversas abertas com o(a) parceiro(a) e familiares, ajudando a construir uma nova identidade como mãe sem perder sua essência, além de práticas de autocuidado na gestação.
Uma rede de apoio é fundamental para que a gestante se sinta acolhida e amparada em meio às mudanças físicas e emocionais. Esse suporte, essencial para a autoestima na gravidez, que pode incluir o parceiro, familiares e amigos, auxilia a futura mãe a dividir suas angústias e se sentir compreendida.
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Além disso, comentários negativos sobre a aparência, mesmo quando feitos em tom de brincadeira, podem afetar diretamente a saúde mental e a saúde emocional, especialmente se a mulher já estiver lidando com inseguranças. “Se o parceiro, familiares ou amigos ressaltam características que a gestante tenta esconder, isso pode ter um efeito negativo”, alerta Schiavo.
Por isso, é fundamental que as pessoas próximas à gestante entendam o seu papel como rede de apoio, para evitar que esses sentimentos de insegurança se tornem mais profundos. "Falar com o parceiro, amigos e familiares sobre como ela está se sentindo pode ajudar, inclusive a evitar comentários desnecessários por parte deles", diz a psicóloga.
“A principal intervenção será a psicoterapia individual”, afirma Schiavo. Esse tipo de suporte ajuda a gestante a lidar com inseguranças e a se fortalecer emocionalmente. Dependendo do caso, terapia de casal ou grupos de orientação também podem ser benéficos.
Além disso, dependendo de qual situação incomode a gestante, pode ser interessante procurar outros profissionais de saúde para garantir o bem-estar na gravidez. "Vamos supor que a preocupação é com o peso, ela deve procurar também um nutricionista perinatal, por exemplo", explica a especialista.
Além do apoio psicológico, é possível adotar práticas diárias de autocuidado na gestação para fortalecer a autoestima. Confira algumas dicas:
Autocuidado físico: manter uma rotina de autocuidado ajudam a resgatar o bem-estar. Aproveite esse momento para aplicar cremes hidratantes e criar rituais de cuidados com a pele na gravidez que promovam uma conexão positiva.
Autocuidado emocional: ter momentos de reflexão e relaxamento, como ouvir músicas calmas, ler um livro ou meditar, auxilia na conexão consigo mesma e são praticas essenciais de autocuidado na maternidade.
Atividades físicas: exercícios leves e seguros, como caminhada e ioga, ajudam a melhorar a circulação, aliviar o estresse e aumentar a sensação de vitalidade. Consultar o médico é essencial antes de fazer exercício físico na gravidez.
Experiência compartilhada: conversar com outras grávidas ajuda a criar um ambiente de empatia e compreensão. Muitas vezes, perceber que outras mulheres estão passando pelas mesmas dúvidas e inseguranças é reconfortante.
A autoestima na gravidez é um aspecto importante para o bem-estar da gestante e pode ser fortalecida com o apoio emocional certo e práticas de autocuidado na maternidade.
Entender que esses sentimentos são normais e procurar ajuda especializada são passos essenciais para viver a gestação de maneira plena e saudável.
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