O papel da doula como rede de apoio no pré-parto, parto e pós-parto

Ao longo da história, é possível perceber a presença de mulheres ao lado das parturientes em seus trabalhos de parto, seja amparando, cuidando e alimentando, seja proporcionando um ambiente mais adequado para que esse evento se realize da melhor forma possível.

Leia também:

Dicas para facilitar o parto

Conheça a jornada da mãe solo

Como montar seu plano de parto

O movimento pelo parto humanizado ou ainda, a humanização da assistência ao parto, resgata não só nossos conhecimentos e saberes ancestrais, mas também o papel dessa figura tão importante, a quem chamamos de “doula”. Essa palavra provém do grego e significa “mulher que serve”. Nos dias atuais, no entanto, não basta a essa mulher o dom de servir e a doação amorosa à parturiente. Esse serviço deve ser prestado por alguém capacitado e certificado para isso, conforme a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), sob o número 3221-35 do Ministério do Trabalho.

As doulas são profissionais treinadas e em constante busca por aperfeiçoamento e informações baseadas em evidências científicas em torno da gestação, parto e pós-parto, que ofereçam educação perinatal para as famílias. Sua presença já é garantida por lei em algumas cidades e estados do Brasil, mas há muito pelo que lutar ainda para que a presença e o apoio sejam direitos de todas as parturientes.

O TRABALHO DA DOULA NA GESTAÇÃO

Já sabemos que gestante e família bem-informadas podem escolher de maneira mais consciente os rumos que a gestação e o parto irão tomar, independentemente da via, sem que sejam levadas a desfechos que coloquem mãe e bebê em risco ou não os traga satisfação. E é nesse momento que a Doula começa seu trabalho, informando de forma neutra, com base nas evidências científicas mais atuais, abrindo um leque de novas possibilidades para a família.

O TRABALHO DA DOULA NO PARTO

Além da presença e rede de apoio desde o momento que a gestante passa a não lidar bem com as contrações dela, a doula possui uma infinidade de técnicas que visam trazer maior conforto e alívio durante o processo do parto, por meio de massagens relaxantes, exercícios, rebozo (pano muito usado pelas mexicanas com intuito de melhor posicionar o bebê e diminuir as dores), aromaterapia, hipnose entre outras. Há partos em que a doula não utiliza nenhuma das técnicas citadas, pois apenas o olhar cuidadoso e as mãos dela já são suficientes para gestante e acompanhante relaxarem e conseguirem deixar o trabalho de parto fluir naturalmente.

A IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL

Logo após o nascimento de um(a) filho(a), é muito importante que a mãe tenha uma boa rede de apoio, para que tudo se torne mais leve. Para isso, é necessário que seja feito um planejamento da rotina com todas as pessoas envolvidas nos cuidados com o bebê e com a mãe. Para que a rede de apoio funcione perfeitamente e sem atritos, é necessário que todos estejam dispostos a servir e prestar ajuda apenas no que for solicitado.

Algumas práticas importantes facilitam a conexão entre a rede de apoio, como evitar comentários desencorajadores ou mostrar superioridade sobre a família que está se formando – que seria algo como “nós temos mais experiências, já vocês nunca fizeram isso”; “criamos muitos filhos e tudo deu certo, já vocês não estão sabendo lidar com essas novidades”; e por aí vai. Também é importante se cercar de profissionais, como doula, consultora de amamentação e terapeuta, sempre que necessário, de preferência com pessoas que irão ajudar a alcançar os seus objetivos, sobretudo entendedores dessa fase da vida de uma puérpera.

Com organização, planejamento, amor e apoio, todos esses processos, ainda que muito desafiadores, podem se tornar grandes lembranças na vida de uma família, além de estreitar os laços e a confiança. Porque não há nada melhor que se deparar com abraços durante a caminhada, que impulsionem você a ser e vivenciar o seu melhor.

*Texto escrito por Raquel Correa, doula e educadora perinatal.