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Mais Abraços // Segunda-feira 22 Maio, 2023 // #parto, #bebe, #parto vaginal, #episiotomia
A episiotomia, corte cirúrgico no períneo feito para ampliar o canal de parto, se popularizou no século 20, quando a maioria dos nascimentos passou a ocorrer nos hospitais. O períneo é a região do corpo que fica entre a vagina e o ânus. Ao cortá-la, os médicos tentam facilitar a passagem do bebê. Porém, não existem evidências científicas de que a manobra seja benéfica ou eficaz.
Para entender melhor esse método tão comum que hoje é contestado, conversamos com Paulo Noronha, médico obstetra da Clínica Espaço Mãe, em São Paulo (SP). Ele explica que a medicalização do parto trouxe uma série de intervenções, nem todas benéficas para a fisiologia. “Com o atendimento em hospitais, a mulher foi obrigada a ficar em posição ginecológica, deitada e com as pernas afastadas, o que acaba sendo desfavorável no momento do parto”, afirma.
Usado para acelerar a última etapa do nascimento, chamada de período expulsivo, o corte no períneo tornou-se um procedimento padrão. Por décadas, o corte foi realizado na maioria dos hospitais sem que houvesse escolha da mulher ou necessidade clínica. “Parir é um evento biológico que foi feito para dar certo”, diz Noronha.
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O corte no períneo pode prejudicar a saúde da mulher, já que:
● É uma laceração grau 2, ou seja, fere o tecido subcutâneo e o músculo; ● Pode comprometer a função sexual da vagina; ● Aumenta risco de infecção e hemorragia.
O especialista explica que, uma vez realizado o procedimento, o corpo precisa cicatrizar os tecidos de maneira profunda. Em alguns casos, há um aumento da fibra da pele, chamado de fibrose. Essa irregularidade pode ocasionar dor na penetração e perda de elasticidade, prejudicando a sexualidade. Além do risco de fibrose, Noronha não descarta a possibilidade de infecção e hemorragia. Afinal, trata-se de uma incisão cirúrgica.
Apesar de ter sido passada de geração em geração na classe médica, a episiotomia de rotina não faz parte das boas práticas atuais. A OMS indica seu uso em situações muito específicas e preconiza que não ultrapasse os 10% dos casos.
Segundo Noronha, os debates de consultórios devem focar no preparo muscular para o parto. “É essencial que os médicos obstetras informem as futuras mamães sobre as boas práticas e as orientem a fazer a fisioterapia pélvica.”
O médico também acredita que grávidas mais informadas e mobilizadas fazem avançar a questão, freando a episiotomia rotineira. “Hoje, as mulheres têm reivindicado seus direitos perante o parto”, diz o obstetra.
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