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Mais Abraços // Sexta-feira 14 Janeiro, 2022 // #gravidez, #gravida, #violencia-obstetrica
Agora que está grávida, você deve ter percebido que todo mundo tem uma história de gravidez para contar. Infelizmente, você vai ouvir algumas que podem parecer até violentas — e talvez sejam mesmo.
No Brasil, 45% das gestantes sofrem violência obstétrica no parto quando atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 36% sofrem com essa violência por parte de profissionais de saúde durante a gravidez, segundo a pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e o nascimento”, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Ainda há pouca literatura e definição para o tema, mas os parâmetros usados pelo levantamento da Fiocruz dão um panorama abrangente de o que é a violência obstétrica: agressões verbais e psicológicas, tratamento desrespeitoso, falta de transparência de informação e impossibilidade de fazer perguntas e de participar das decisões.
Na prática, um dos episódios mais frequentes de violência obstétrica é a prática da episiotomia. Muito usada no passado, a episiotomia é um corte feito no períneo da gestante na hora do parto para que o bebê saia com mais facilidade. Entretanto, o corte ou os pontos dados para fechá-lo podem trazer sequelas à mulher, como infecção e dores nas relações sexuais. Ainda que em casos específicos a episiotomia seja necessária, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que ela seja usada entre 10% e 30% dos nascimentos. No entanto, no Brasil, o registro de partos em que a técnica é usada é de 56%, segundo o Ministério da Saúde.
Muitas vezes, os casos de violência obstétrica começam ainda na escolha do tipo de parto: não é incomum o relato de mulheres que gostariam de ter seus filhos naturalmente e foram induzidas ou mesmo coagidas a buscarem uma cesárea. No Brasil, 55% dos partos são feitos por cesariana, quando a OMS indica que esse índice fique por volta de 15%.
É importante lembrar que quem escolhe o tipo de parto que deseja ter é a gestante, considerando as condições da sua gravidez e do bebê. Essa decisão só pode ser alterada se a vida de um dos dois estiver em risco e sempre com o consentimento da mulher.
Larissa Cassiano, obstetra especialista em gravidez de risco, afirma que a melhor ferramenta é a informação. “Se puder escolher o ou a obstetra que vai acompanhar sua gravidez, se informe, busque referências de outras parturientes que já foram pacientes e pergunte tudo sem pudores”, afirma.
Questione suas amigas e conhecidas sobre como foi a relação delas com o ou a obstetra. Pergunte como é a consulta, o quanto de informação e explicação o médico ou a médica dá sobre os procedimentos, que tipo de exames costuma fazer durante as consultas, como reage às decisões e dúvidas da paciente, peça para que elas relatem detalhadamente como foi o parto e reúna o máximo de informações para que você tome uma decisão acertada.
Se ainda assim, ao longo da gravidez, você não estiver em sintonia com o ou a profissional, não tenha medo de mudar. Pensando nisso, a outra dica que Larissa Cassiano dá é a de ter um plano de parto definido e começar a pensar nele ainda no início da gravidez. Dessa forma, caso você queira ou precise mudar de médica ou médico, já terá estabelecido como deve ser o seu parto.
Falando em plano de parto, compartilhe e alinhe essas informações com quem vai acompanhar você na maternidade e, de preferência, com mais de uma pessoa. Muitas vezes, durante o parto, as emoções estão à flor da pele e a mãe ou o pai podem não estar atentos o suficiente para garantir que tudo saia como desejam.
É importante lembrar também que toda gestante tem direito a pelo menos um acompanhante durante o parto. Caso você seja impedida de ter alguém do seu lado, o que também é um tipo de violência obstétrica, acione a diretoria do hospital e a polícia, se necessário.
No Brasil, ainda não há lei contra a violência obstétrica, especificamente. Se a denúncia for feita na polícia e na justiça, em alguns casos, pode ser enquadrada como lesão corporal e danos morais.
Além disso, uma alternativa diante de uma violência obstétrica é fazer uma queixa ao hospital, à operadora do plano de saúde e ao Conselho Regional de Medicina (CRM). Se você sofreu ou presenciou um caso de violência obstétrica, não hesite em denunciar nesses canais.
* Os especialistas consultados sobre esta matéria foram ouvidos como fontes jornalísticas, não se utilizando do espaço para a promoção de qualquer produto ou marca.
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