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Mais Abraços // Sexta-feira 16 Setembro, 2022 // #mae, #culpa, #emocoes
Você já ouviu a expressão “quando nasce uma mãe, nasce uma culpa”? Pois é, a culpa materna, esse sentimento doloroso que pode ter diversas raízes, acomete a todas, sem exceção. E pode ser nocivo não só para você, mas para seu bebê também.
Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia, publicou um trabalho inteiro sobre o tema. Em entrevista, ela nos relembra a natureza da culpa: enquanto a compaixão é sensibilizar-se com o sofrimento do outro e ter um desejo de aliviá-lo, a culpa é voltada para si, “uma autocrítica excessiva que leva a um sentimento de vergonha de mim mesmo, como se eu fosse menor do que o outro”, diz.
“Alguns pesquisadores definem a compaixão em três elementos: o mindfulness, que é ter uma visão clara do que está acontecendo dentro de si; a humanidade comum, entender que todos os seres humanos sofrem e erram; e a autogentileza — se eu sei que errei e sei que isso é parte da experiência humana, então eu posso ser gentil comigo mesma e até me modificar”, explica.
Se a compaixão significa, por definição, abraçar seus erros, a culpa segue o caminho contrário: ela nos causa vergonha e um sentimento de autopunição, além de tirar os nossos olhos do outro — que pode ter sido possivelmente afetado — e trazê-los somente para nós. E quando o assunto é a maternidade, ela é ainda mais severa e frequente.
“Existe uma ideia de que a mãe é a principal responsável pelo bem-estar da criança e que o futuro dela é um reflexo de sua própria conduta. Então, o peso que as mulheres carregam é muito maior. Mas essa mãe perfeita, que está sempre disponível, nunca perde a razão, nunca delega, está sempre sorrindo: ela não existe. Quando nos comparamos a esses ideais, é inevitável nos sentirmos inadequadas”, pontua Drulla.
Segundo alguns estudos, hoje já se sabe que até 20% dos adolescentes de todo o mundo possuem depressão. Essa fase da vida sempre foi naturalmente difícil, seja pela construção de uma identidade que começa a surgir, seja pelos hormônios. No mundo moderno, há ainda uma maior competitividade e alta ênfase em performance, além da comparação com figuras irreais da internet.
Mas esse adolescente um dia foi uma criança e, antes ainda, um bebê. Portanto, o trabalho de fazê-lo enxergar o seu próprio valor deve ser feito desde a mais tenra infância. E quais são os caminhos possíveis? “Há centenas de pesquisas que mostram que os adolescentes autocompassivos — ou seja, que sentem compaixão por si mesmos — são menos deprimidos e se comparam menos, porque eles entendem que são humanos e erram. Isso é uma característica que a gente desenvolve desde pequeno”, explica Adriana.
Mas, então, como lidar com a culpa materna?
A autocompaixão, segundo explicações da especialista, depende de um sistema neuroafetivo que envolve a nossa fisiologia, como se precisássemos estimular e amadurecer de forma intencional esse cérebro para que ele seja capaz de senti-la. “Para isso, desde cedo, é preciso ter calma e cuidado e oferecer acolhimento diante dos erros, para que esse pequeno que está passando por uma dificuldade entenda que seus cuidadores acolheram sua humanidade, seus erros e suas fraquezas”, pontua.
Partir do princípio de que somos humanos e de que é impossível ser perfeito é o primeiro passo, pois não se trata de não errar nunca, mas acolher esses erros que invariavelmente virão e aprender com eles. “Você tem um filho que é um ser humano e ele também vai errar, então ele precisa de um modelo errante. Imagina ter uma mãe que não erra nunca, ela também não é uma boa comparação. Então o erro não é ruim, o problema é não reconhecer o erro”, relembra Adriana.
Isso envolve até mesmo possíveis descontroles: depois de gritar com a criança por qualquer que seja o motivo, é importante tentar se reconectar com ela, ainda que no dia seguinte, reconhecendo o erro de ter gritado, dizendo que isso acontece com todo mundo. Ao assumir a falha, não só a gente repara o nosso relacionamento, mas também dá um modelo para essa criança agir quando ela mesmo errar.
Além disso, uma mãe que entende que erra também consegue se desculpar com maior rapidez e facilidade. Se ela tem a expectativa de ser perfeita e então grita com seu filho, o que ela sentirá é vergonha imediata — e isso é uma das características da culpa, mencionada no começo deste artigo e que, como já vimos, não nos leva a reparar o erro, mas somente à autopunição e ao isolamento.
“O que a minha pesquisa mostra é que essas mães autocompassivas não só são um exemplo para lidar com essas questões, mas que os filhos — sobretudo os já adolescentes — confiam mais nelas, porque eles não sentem medo de serem julgados”, conclui Drulla.
Que tal começar a se tratar com mais gentileza e, assim, deixar que essa atitude reflita em sua maternidade? Lembre-se de que você também importa!
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* A especialista consultada sobre esta matéria foi ouvida como fonte jornalística, não se utilizando do espaço para a promoção de qualquer produto ou marca.
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