Tem certeza de que deseja excluir o produto Vale-presente?
Mais Abraços // Segunda-feira 19 Setembro, 2022 // #pais, #filhos, #emocoes, #pós-parto
Quase 100 mil crianças nascidas em 2021 não têm o nome do pai no registro civil, segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/BR). Em um panorama nacional, o índice de crianças apenas com o nome da mãe cresceu 6,3% em comparação com o ano de 2019.
A mesma pesquisa, publicada na CNN, ainda revelou que os atos de reconhecimento da paternidade chegam ao terceiro ano consecutivo em queda. Ao todo, foram contabilizados 13.297 reconhecimentos em 2021, uma baixa de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
E por que estamos trazendo dados tão tristes? Porque a paternidade, em qualquer lugar do mundo, é tema delicado, mas, aqui no Brasil, a cada ano que passa, vai se tornando ainda mais. Isso porque não é raro encontrar alguém que cresceu sem a figura paterna por perto ou que foi filho de um pai ausente.
O escritor Marcos Piangers foi uma das crianças dessa triste estatística. “Eu devia ter uns 4 ou 5 anos quando perguntei para minha mãe, Heloisa: ‘Por que todo mundo tem pai e eu não tenho?’. Eu lembro que ela ficou desestabilizada com a pergunta. Acho que por isso essa passagem ficou tão marcada na minha memória. A minha mãe chorou e respondeu algo do tipo: ‘Tu vai ter um pai, eu vou conseguir um pai pra você’”, contou ele ao podcast Plenae. E ela, de fato, se casou, poucos anos depois, com um homem que registrou Piangers no cartório. Mas o vínculo entre eles nunca se criou e esse segundo casamento também veio a terminar. Esses acontecimentos apontavam para uma verdade cada dia mais difícil de ignorar: paternidade, mais do que registro ou DNA, é afeto.
No lugar de se abater ou paralisar, Piangers fez disso um combustível e um tema tanto para seus livros, como para sua própria paternidade. Mesmo depois de sua mãe lhe contar quem era seu pai, já na vida adulta, ele não teve o menor interesse em ir atrás dele para conhecê-lo.
Marcos lançou o livro sobre paternidade O Papai é Pop (editora Belas Letras), em 2015, que logo se tornou best-seller. Mergulhou no universo da paternidade e da masculinidade. Viajou por todo o Brasil para fazer um documentário entrevistando homens. Lançou a continuação de seu primeiro livro, O Papai é Pop 2 (editora Belas Letras), em 2016, sobre sua experiência como pai. Participou cinco vezes das Ted Talks, maior evento de palestras do mundo.
“Eu tenho uma amiga que faz trabalho voluntário no sertão nordestino. Ela foi para Canudos, na Bahia, quando tinha acabado de chegar o sinal de 3G lá, e entrou numa casa toda de barro. Nela, um senhor estava sentado no chão vendo um vídeo meu num celular. A minha amiga falou: ‘Eu conheço o Piangers!’. O cara vira para ela e diz: ‘A minha esposa falou que eu precisava ver os vídeos dele pra virar um pai melhor’”, disse ele ao podcast Plenae.
Entre seus principais aprendizados, o termo “masculinidade tóxica” ocupa destaque. “Eu passei e passo a vida tentando entender a figura masculina. Até eu lançar o meu primeiro livro, aos 35 anos, eu não tinha amigos nem referenciais de masculinidade saudável. A minha visão era de que homem tinha que ser conquistador, forte, malandro, alheio às questões da família e dos afetos. Esse modelo, além de ser altamente prejudicial para os próprios homens, coloca muita pressão sobre as mulheres. Um pai presente dá mais condição e estrutura para as mães se realizarem profissionalmente, terem uma vida mais tranquila e segura, economicamente falando”, diz.
“É duro para elas, em termos de falta de dinheiro e de tempo. É duro pelo julgamento social que elas recebem e pela culpa que sentem de ter escolhido o homem errado. Ouço isso de muitas mães solos”, revela no podcast Plenae. Em seu canal do Youtube, com mais de 300 mil inscritos, há diversos vídeos sobre o tema paternidade afetiva.
Um pai presente não é somente um pai que está ali fisicamente. É um pai que se envolve, que verdadeiramente busca saber e que possui um interesse genuíno pelas atividades e pela vida daquele filho. Uma figura paterna presente é um pai que tem afeto para dar, que deixa de lado as imposições de uma sociedade que pinta o homem como um ser isento de sentimentos.
Para uma paternidade afetiva, é preciso estar de coração aberto e ser disponível. Ser aquele com quem os filhos sempre podem contar. Para muitos, basta pensar no pai que gostaria de ter tido e, então, buscar ser ele. Não deixe para amanhã a infância dos seus filhos que acontece hoje. Permeie o amor em cada ato paternal seu.
Para mais conteúdos como este, acesse o Huggies Brasil!
Compartilhe: