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Mais Abraços // Quarta-feira 16 Agosto, 2023 // #tentante, #gravidez, #endometriose
A jornada para a gravidez pode ser repleta de dúvidas e desafios – e ainda mais para as tentantes que têm condições prévias de saúde, como a endometriose. Queremos que todas as mulheres que desejam ser mães se sintam confiantes, por isso, vamos começar respondendo à pergunta: quem tem endometriose pode engravidar, sim.
Com os cuidados adequados, o apoio médico e a informação correta, muitas mulheres com essa condição conseguem realizar o sonho de serem mães. O caminho para a maternidade pode ser único para cada tentante, mas juntas podemos desvendar os desafios e esperanças que envolvem a gravidez com endometriose.
A endometriose é uma doença benigna caracterizada pela presença fora do útero do tecido que o reveste, o endométrio. "Ela afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva e se manifesta principalmente por dor pélvica e infertilidade", explica a ginecologista Márcia Mendonça Carneiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Em um ciclo menstrual típico, o endométrio se espessa como preparativo para uma possível gravidez. Caso não ocorra a concepção, esse tecido é liberado na menstruação. Entretanto, nas mulheres com endometriose, células do endométrio migram no sentido oposto, em direção aos ovários ou à cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar.
As causas exatas da endometriose ainda não foram totalmente esclarecidas, mas, entre as várias explicações, acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais pode contribuir para o surgimento dessa condição.
A endometriose é uma condição que pode se manifestar de forma diversa em cada mulher, mas existem alguns sintomas comuns que podem levantar suspeitas sobre sua presença – embora ela também possa ser assintomática.
Segundo Carneiro, são sintomas comuns:
cólicas menstruais;
dor durante as relações sexuais;
dor ao urinar ou defecar relacionada ao ciclo menstrual;
cansaço;
inchaço abdominal;
alterações intestinais durante o período menstrual;
e sangramento menstrual aumentado ou irregular.
A dificuldade de engravidar também pode ser um sinal de que a mulher tem endometriose.
É essencial estar atenta a esses indícios e procurar ajuda médica caso eles estejam presentes. Um exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser depois confirmado por exames laboratoriais e de imagem – mas o diagnóstico de 100% de certeza só pode ser feito com uma biópsia.
Mulheres com endometriose podem enfrentar alguns desafios adicionais em relação à fertilidade, uma vez que essa condição pode afetar diferentes aspectos do sistema reprodutor.
A endometriose pode afetar a capacidade reprodutiva de várias maneiras. Segundo Carneiro, o processo inflamatório pélvico pode resultar em:
obstrução das tubas uterinas, que são as estruturas do útero para onde espermatozoides e óvulos se deslocam e onde costuma acontecer a fecundação;
interferência no processo de ovulação da mulher;
inadequado transporte dos gametas femininos e masculino (óvulo e espermatozoide, respectivamente) pelo sistema reprodutor;
dificuldade na implantação do embrião no endométrio.
"Os estudos, todavia, ainda não estabeleceram o mecanismo exato pelo qual a endometriose provoca infertilidade", explica a médica.
Em relação à incidência da doença, a especialista conta que "alguns estudos demonstraram que a endometriose pode estar presente em mulheres férteis, embora a incidência de endometriose nestas seja bem menor quando comparada às mulheres com infertilidade", conta Carneiro. "Estima-se que a endometriose esteja presente em 10% das mulheres, mas nas mulheres com infertilidade pode ser encontrada em até 50%."
Uma dúvida comum entre as mulheres que têm endometriose é se elas podem engravidar naturalmente. A resposta é que sim, muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar de forma natural e tranquila, especialmente nos casos em que a doença não afetou diretamente as estruturas reprodutoras, como as trompas, ovários e útero.
Apesar de a endometriose ser uma causa comum de infertilidade, a extensão e a localização das lesões podem variar amplamente de uma mulher para outra. Em alguns casos, a doença pode estar restrita a pequenas áreas ou ser menos agressiva, permitindo que as estruturas do sistema reprodutor essenciais funcionem normalmente.
Quando as trompas, ovários e útero não foram afetados pela endometriose, as chances de concepção são maiores, e a gravidez pode ocorrer de forma natural, como em mulheres que não têm a condição. Algumas mulheres podem até mesmo engravidar antes mesmo de receberem o diagnóstico da endometriose.
Embora algumas mulheres com endometriose engravidem naturalmente, em alguns casos, tratamentos específicos são necessários para aumentar as chances de concepção. "Em vista da falta de consenso na literatura médica sobre o melhor tratamento da infertilidade em mulheres com endometriose, a abordagem deve ser individualizada", explica Carneiro.
Segundo a ginecologista, as taxas de gravidez dependem de inúmeros fatores, sendo a idade da mulher o principal. "As taxas de sucesso reduzem gradativamente após os 35 anos", ela diz. "O especialista em infertilidade deve informar ao casal sobre as modalidades de tratamento existentes e seus respectivos benefícios, custos e riscos."
Entre os métodos de reprodução assistida, Carneiro diz que a fertilização in vitro (FIV) é uma opção muito indicada em casos de infertilidade associada à endometriose. Já a inseminação intrauterina é uma opção "para mulheres jovens sem alterações nas trompas e com boa reserva ovariana e endometriose mínima ou leve".
A FIV é um tratamento de alta complexidade em que os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório com os espermatozoides do parceiro ou de um doador. Os embriões resultantes são então transferidos para o útero da mulher. Essa técnica é especialmente útil para casos mais graves de endometriose.
A inseminação intrauterina é uma técnica de reprodução assistida que envolve a inserção do esperma processado diretamente no útero da mulher durante o período fértil. Essa técnica pode ser considerada em casos de endometriose leve.
Em alguns casos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica para remoção de lesões da endometriose que podem estar afetando os órgãos da mulher. Essa remoção pode ser feita através da laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo.
É fundamental que mulheres com endometriose que desejam engravidar busquem a orientação de um especialista em reprodução humana ou ginecologia. O profissional poderá avaliar o histórico médico da paciente, a extensão da endometriose e outros fatores relevantes para indicar o tratamento mais adequado para suas necessidades individuais.
Além disso, realizar exames de rotina com o ginecologista é essencial para descobrir a condição. A detecção precoce e o tratamento adequado podem não apenas melhorar a qualidade de vida da mulher, mas também otimizar suas possibilidades de engravidar.
O caminho para a maternidade com endometriose pode ser desafiador, mas com o apoio médico e as opções de tratamento disponíveis, muitas mulheres conseguem alcançar o sonho de serem mães. É importante lembrar que cada caso é único e que o tratamento adequado pode fazer toda a diferença na busca pela gravidez bem-sucedida.
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