Tem certeza de que deseja excluir o produto Vale-presente?
Mais Abraços // Quinta-feira 17 Agosto, 2023 // #tentantes, #utero, #saude, #utero bicorno
Engravidar pode ser um momento de grande alegria e expectativa na vida de muitas mulheres. No entanto, para algumas, essa jornada pode se tornar uma experiência desafiadora e emocionalmente intensa. As malformações uterinas, como o útero bicorno, são uma das causas de gestações mais difíceis.
Esse tipo de condição pode gerar apreensão, com a sensação de que o sonho de ser mãe pode estar ameaçado. Entretanto, é importante lembrar que o diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado podem oferecer opções de tratamento e soluções para contornar esses desafios. Veja mais a seguir.
As malformações uterinas também são chamadas de anomalias Müllerianas congênitas, pois geralmente ocorrem durante o processo de fusão dos ductos de Müller, que vai dar origem ao útero, às trompas uterinas e ao terço superior do canal vaginal. Essas condições se desenvolvem ainda no embrião, durante o processo de formação do sistema reprodutivo.
Segundo a médica ginecologista Ana Paula Aquino, responsável pelo Programa de Doação de Óvulos e Embriões (DOE) do Grupo Huntington, esse tipo de problema pode afetar de 5 a 6% das mulheres. As malformações uterinas mais comuns são os defeitos de fusão lateral, tipo do qual o útero bicorno faz parte.
"É importante salientar que o útero bicorno é uma das malformações que podem afetar o útero, como, por exemplo, útero unicorno, septado ou didelfo", diz Aquino. Cada uma dessas condições pode afetar a forma como funciona o útero.
No caso do útero bicorno, há uma divisão da cavidade uterina. "O órgão se separa em duas partes, de forma parcial ou total – ao invés de uma cavidade oca, o útero apresenta um septo no seu interior que separa essa cavidade em duas", explica Aquino.
Podem existir dois tipos de útero bicorno: parcial ou total. "No caso da forma total, existe um septo que separa a cavidade totalmente em duas, desde o colo até o fundo. Já na forma parcial, pode haver uma comunicação entre as cavidades, já que o septo que sai do fundo uterino não vai até o colo", afirma a médica.
Uma das principais dúvidas que surgem quando se fala em útero bicorno é sobre a possibilidade de engravidar. A boa notícia é que, de maneira geral, a condição não afeta a fertilidade. "Embora o útero bicorno seja um complicador, há muitas mulheres com esse quadro que tiveram uma gravidez saudável e parto normal", conta Aquino.
No entanto, é essencial estar ciente dos desafios que podem estar associados a essa particularidade uterina. Segundo a ginecologista, a septação do órgão pode estar atrelada a uma maior dificuldade de engravidar e a uma maior chance de aborto espontâneo e parto prematuro. Por isso, demanda um acompanhamento mais cuidadoso.
"A dificuldade em engravidar pode ocorrer por dois motivos: o septo pode prejudicar a implantação do embrião, por possuir uma menor vascularização, por exemplo, e devido à redução do espaço para desenvolvimento do feto, ou seja, o embrião pode se implantar, mas o desenvolvimento da gestação pode ser comprometido", explica Aquino.
Entre as possíveis dificuldades de uma gravidez com útero bicorno, a ginecologista cita o trabalho de parto prematuro, aborto, baixo peso do bebê ao nascer, sangramento vaginal ou hemorragia pós-parto e posição anômala do bebê dentro do útero, dificultando um parto normal.
"Por esses motivos, a gestação em útero bicorno é considerada de alto risco, demandando cuidados extras de equipe preparada", ela diz.
O útero bicorno pode passar despercebido durante boa parte da vida das mulheres. "Na maioria dos casos, quem tem útero bicorno não apresenta sintomas específicos ou qualquer sinal que possa indicar essa condição", afirma Aquino. Mas, dependendo do grau de septação do útero, alguns sintomas podem surgir de forma esporádica, como:
dor durante a relação sexual;
dor abdominal;
cólicas no período menstrual;
desconforto no período da ovulação;
irregularidade menstrual;
infertilidade;
e abortos recorrentes.
Assim como as outras anomalias uterinas, o útero bicorno costuma ser diagnosticado durante avaliações ginecológicas de rotina ou como parte de investigações sobre infertilidade e complicações obstétricas, como o aborto espontâneo múltiplo.
Segundo publicação da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a avaliação diagnóstica passa quase sempre pela ultrassonografia transvaginal ou pélvica para investigação de dor e pela histerossalpingografia em decorrência de infertilidade, exame feito através da injeção de contraste no útero e simultânea realização de radiografias, permitindo visualizar as formas da cavidade e trompas uterinas.
A ultrassonografia tridimensional e ressonância magnética são considerados os melhores exames não-invasivos para o diagnóstico das anomalias uterinas. E vale destacar a importância do exame ginecológico de rotina para suspeitar dessas condições.
O tratamento do útero bicorno varia de acordo com as necessidades e sintomas individuais de cada mulher. Em muitos casos, essa condição não requer intervenção médica. "Na maioria das vezes não é necessário realizar nenhum tratamento para útero bicorno, pois geralmente não é uma condição que causa sintomas ou complicações", diz Aquino.
No entanto, em situações em que há dificuldades para engravidar ou manter uma gestação, o tratamento pode ser indicado. "Caso a mulher apresente quadro de infertilidade, faz-se necessária uma investigação exaustiva para que seja avaliada a possibilidade de cirurgia para restaurar a anatomia adequada do órgão", explica a ginecologista.
Essa intervenção cirúrgica tem como objetivo corrigir a alteração no útero e eliminar o septo uterino, proporcionando uma cavidade uterina mais ampla e favorável para a concepção e o desenvolvimento saudável do bebê durante a gravidez.
Segundo Aquino, tratamentos de reprodução assistida podem ser indicados dependendo do caso de cada tentante. "E caso não haja condições de uma gestação se desenvolver, é possível optar pela cessão temporária de útero", diz a médica, sobre a técnica também conhecida como útero de substituição ou barriga solidária.
É fundamental que mulheres diagnosticadas com útero bicorno recebam acompanhamento médico adequado e personalizado antes e durante a gravidez. O pré-natal cuidadoso e o monitoramento constante podem minimizar os riscos e garantir uma gestação saudável.
Aliás, realizar exames de rotina regularmente é fundamental para todas as mulheres. A detecção precoce de condições uterinas pode permitir intervenções oportunas, garantindo a adoção das melhores medidas. Na jornada da maternidade, o acompanhamento adequado pode ser determinante para uma experiência saudável e bem-sucedida.
Compartilhe: